Especial - Vítor Costeira - G+ De 09/01/2016 à 24/06/2016
...E, ASSIM SORRINDO, ADORMECIAS... Madrugavas antes de anoiteceres e fazias do vão de escada de qualquer prédio abandonado o palco do teu passo treinado, libertando-te como se fosses um rio desaguando numa foz por acontecer nos braços que a noite tinha para oferecer…
E, na noite, recebias cada corpo quente como uma dádiva feita para se receber e entregavas muito ternamente tudo aquilo que te tinha feito mulher, numa permuta sem razão aparente que nada tinha de ilusão inocente…
No fim de cada madrugada anoitecias, confundindo as noites com os dias, e recolhias-te na alma que era apenas tua, dentro de ti mesma, longe da rua, cabelos e sentimentos, de novo, desgrenhados, como sinais de pesadelos jamais imaginados…
E aconchegavas o corpo com a fantasia, cerravas as pálpebras enquanto te benzias, e, de prazer ou de frio, o teu corpo tremia mas, de vez em quando, sonhavas e sorrias e acreditavas que um dia não são dias e que, um dia, outra mulher serias!
E assim, sorrindo, tu adormecias…
Autor: Vítor Costeira Imagem: Tomasz Alen Kopera
O CHAMAMENTO DA GAIVOTA E a gaivota passa desafiadoramente diante do meu olhar e diz: “Vem! Upa! Salta-me para a garupa!
Vem comigo viajar, desbravar os caminhos que ninguém ousou vogar e ir pelo ar, voar, até chegarmos a um lugar que apenas eu sei, e que sei que irás gostar, um lugar entre o Sol e o mar!
Vem comigo respirar a maresia e o sonhar que se desprendem em salpicos dos bicos dos maçaricos, nos idílios migrantes das manhãs amantes, na proa de uma pesqueira canoa que o Sol abençoa!
Vem comigo desafiar um romance sem vidraças, por onde possas respirar, um poema sem mordaças por onde possas gritar, uma melodia sem grade para sentires a liberdade em saberes quem és, quando te despojares a teus pés despido de medos e não seres o maior segredo dos teus segredos!
Neste céu que o Ser bendiz, vem comigo encontrares-te! Vem aprender a ser feliz!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
NO ACASO DOS DIAS... Vogámos, viajámos, viajantes nos transformámos ao sabor das leis de um Universo, que se fez tão nosso, poema de um só verso em fogo e alvoroço, no acaso dos dias, nas carícias sadias, no aroma da hortelã ao nascer da manhã, e falámos cometas, e voámos borboletas, e respirámos estrelas, e sonhámos aguarelas, e, sorvendo a luz do Sol, como um brilhante farol, em nós se formou o luar entre a noite e o mar e a navegar continuámos nos idílios que inventámos, enquanto o poema crescer, enquanto a vida nos quiser!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
SONATA AO LUAR Com gestos ausentes de ti, abriste a porta de casa e regressaste ao conforto do teu casulo, onde te renovas em crisálida, fugindo do bulício dos dias e aconchegando-te em ti mesma…
Na abstracção de movimentos alheios, foste-te despojando do supérfluo e atapetando o chão da casa com uma peça de roupa aqui, um sapato mais além, até te enfrentares no espelho, despida daquilo que permitias que os outros pudessem ver em ti…
Sorriste e gostaste do que viste! Não era um sorriso alegre nem triste, era aquele a que te oferecias aquele que era só e tão teu, no suavizar do momento, no encontro com o teu eu…
Deslizaste para um banho tépido e entregaste-te por completo ao prazer da carne morna que a água suavemente perfumada pelas flores que colheste, cúmplice e amiga invadia…
Ao som do piano de Beethoven, enroscaste a pele no pelo do roupão, indiscretamente entreaberto, sentáste-te de frente para o universo na janela escancarada e sem cortinados e permitiste que a alma se ausentasse, num suave abandono de tudo…
Hoje, vais permitir que os raios lunares namorem o teu corpo e que as estrelas sorriam no olhar que ofereces à taça licorosa que afaga as tuas mãos, enquanto sorves uma sonata ao luar…
Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet
EPIFANIA DE MIM, EM MIM... Subitamente, como numa suave e encantadora melodia, apreendi o sentido do teu verso nas sílabas átonas que eu não ouvia, nos sonhos que apenas o teu olhar contava, nos silêncios que o meu ruído perturbava, no enrugado dos lençóis onde agora amanheço a memória de uma felicidade sem preço e emudeço a alma e a chama, como um já decifrado anagrama sem mais desafios para resolver, depois do obverso do teu verso eu ler…
Subitamente, no êxtase perturbador de uma revelação, entendi o sentido da tua existência no sal das lágrimas que eu ignorava, nos desejos que o teu corpo desenhava, no compasso da solidão que a minha presença provocava, nos planos rasurados enviados ao vento que, insensível, para longe os levava e agora os devolve a seu bel-prazer, ao sabor de um movimento lento, como uma larva perfurando um sentimento…
Subitamente, como da noite para o dia, desenhaste-te em mim, como a minha epifania, e em ti me surpreendi e em ti descobri alguém que sendo meu é teu, sendo eu tu e tu eu!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Pixelnase
O LOUCO DO JARDIM … e no auge da tua doce loucura, homem de uma infantil ternura, dono da alegria do seu próprio festim, como um maravilhado e maroto petiz, entras para dentro do lago do jardim, chapinhas os pés na água e és feliz!
O teu olhar cativa viçosas margaridas e, pássaro livre, assobias lindas partituras, enfeitando a alma em avenidas floridas rendilhadas com acordes e notas puras, entregas-te à vida como noviço e aprendiz respirando o instante das manhãs e és feliz!
És feliz como apenas tu queres e sabes ser num corpo livre de grilhetas, a florescer, e recitas em voz alta poemas de amor às aves, às árvores, ao vento e à vida esquecendo que és deles o seu autor maior numa loucura que os outros dizem perdida!
É feliz o leve e esquálido corpo ondulante serpenteando pelo arvoredo verdejante que a Terra ergue aos céus numa prece como braços, mãos e rogantes dedos a quem humildemente a alma agradece e para quem não tens medos nem segredos!
Deitado esfarrapado, estrelas nos olhos abertos, assim que a noite chega e carinhosa te bendiz, plantas sonhos de aconchegos distantes e incertos no frio que a pele não diz mas sente e feliz sorris! És feliz numa felicidade infinita, sem um fim, mas de ti apenas sabem que és o louco do jardim!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Mud Maiden at the Lost Gardens of Heligan, Cornwall, England
LUZ DO MEU CAMINHO Luz do meu caminho, calor do meu carinho estrela da minha vida, és o ponto de partida para o ser e o amar, para o ter e o desejar, para o princípio e o fim! És tudo, para mim!!!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
PALAVRA APÓS PALAVRA Palavra após palavra, tardiamente me apercebi que nada mais tinha a esperar de ti, para além do silêncio pungente, que se faz presença condescendente e que tão fundo se crava na dor que a distância sempre aumenta, enquanto o amor se faz tormenta e o momento se veste de tormento…
Palavra após palavra, as gavetas ficaram vazias na razão inversa das tuas malas e apenas as fotografias, digitais e frias, me dizem sons que já não falas e desafiadoramente cruzas os braços num regaço que antes me ofertavas, enquanto eu me reduzo em nós e embaraços no “adeus”, como tua última palavra!
Palavra após palavra, passámos a falar silêncios imensos de sentimentos vazios e distantes e aprendemos vocábulos de idiomas alheios que soletramos em dialectos estranhos... Estamos agora preparados para sermos felizes? Saberemos traduzir sentimentos em palavras ou temos sentimentos ainda sem palavras para dizer?
Autor: Vítor Costeira Imagem: Adam Martinakis
E, ASSIM SENDO, ESCREVI... DE NOVO... A tua mágoa magoa! A tua dor dói-me! A tua dor é, toda ela, drama! Ela é grande na tua viagem.... mas, já na minha, fica mais fácil. Também não sei explicar porquê... pois o peso dos quilo-dramas é exatamente o mesmo quando transportado por mim..
Os dramas, todos eles dor, todos eles mágoa, todos eles inteiros, sorvem-me as alegrias, também elas inteiras. Então, as minhas tragédias, adormecidas, acordam, batem palmas e dançam melodramas.
E eu?... bem...eu visto-me de brio, calço-me de silêncios, perfumo-me de humor e, inteiro aos olhos alheios, sigo a minha viagem, pessoa nova, pronto para novas mágoas.
Enquanto espero que me levem, para locais onde nunca estarei, tomo um café, agarro um bocejo, sacudo os ombros, compro um chocolate, leio uma revista e disfarço a minha ausência…
Mais logo, assim que chegar ao meu destino, rezo e agradeço a um Deus, a quem não exijo que me oiça, mais uma etapa, mais uma viagem vencida. Afinal, no fim de mais uma jornada, eu cheguei bem! Cheguei grande! Cheguei enorme!
Pois é, Amor, como podes ver, fiquei sem receio de te cansar, ou de te roubar tempo, pois, de algum modo, quem sabe, poderei servir de inspiração à tua escrita, de novo…
E, assim sendo, escrevi… ...de novo...
Autor: Vítor Costeira Imagem: Adam Martinakis
ENTÃO... AMO-TE!!! Escrever-te em doce poema, ser tua pena, teu jogral e teu trovador, será isto Amor?
Passear contigo até à Lua, antes de o Sol se pôr, será isto Amor?
Ser cúmplice único do teu olhar, perdidos numa multidão em redor, será isto Amor?
Partilhar momentos de tristeza e desenhar no teu sorriso uma nova cor, será isto Amor?
Rir de algo que é apenas nosso a meio de um filme de terror, será isto Amor?
Desejar ter o meu corpo em ti, com alma, paixão e sem pudor, será isto Amor?
Segredarmos como duas crianças em suave fantasia no voo de um condor, será isto Amor?
Comemorar o segredo da primeira vez sempre com o mesmo desejo e fulgor, será isto Amor?
Ser da tua vida o actor principal, poeta, leitor, amigo, amante, coautor, será isto Amor?
Na tua ausência, sentir-te presente, como se eu fosse colibri e tu uma flor, será isto Amor?
Os dois lermos, sorrindo, este poema que fala de nós e do nosso Amor, será isto Amor?
Se assim for… então... amo-te!!!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Ocelio Targino
DEIXA-TE FICAR AQUI... Procuro-te… Sigo as marcas do teu andar e o aroma da tua pele, que eu acredito não serem acasos, e tento encontrar os teus sinais, vestígios da tua presença, no olhar dos transeuntes, no capítulo mais enigmático de um livro que ainda não li e na cumplicidade das sombras que me desafiam a decifrar a ansiedade da minha procura, onde sei, agora, que não vou encontrar-te…
… e há sons envolventes, vozes e murmúrios que me perturbam, gritando que fugiste, uns, aconchegando que não foste, apesar de não estares, outros, porque não estou a procurar nem na forma nem no lugar certo, porque não estás fora de mim, estás em mim, porque eu apenas existo porque tu existes, porque eu apenas sou porque tu estás, porque todo eu sou marcas de ti, todos os teus gestos e palavras, todos os gostos e desgostos…
Tu estás em mim e eu a querer encontrar-te onde, sei agora, que não estás…
Não saias… Deixa-te ficar aqui, em mim…
Autor: Vítor Costeira Imagem: Adam Martinakis
NAMORO - FELIZ DIA DE S. VALENTIM!!! Namoro é um olhar que eu não consigo evitar; é um beijo que fica sempre por dar; é a vontade de te voltar a encontrar...
Namoro é o simples encosto das tuas roupas; são ideias cada vez mais e mais loucas; esperanças, cruelmente, poucas...
Namoro é o querer falar-te e não o conseguir; é a vontade de contigo eu sorrir; é a ver-te a falar a outro e eu fugir...
Namoro são as cartas que eu escrevo e não te dou; são palavras que disseste e me magoou; é um poema que, junto aos outros, ficou...
Namoro é o esperar que apareças e não vires; é o acreditar que rirás para mim, quando rires; é eu amar-te e tu não o descobrires...
Namoro é sonhar estando acordado; é o desespero de não saber encontrar-te mesmo contigo a meu lado.
Autor: Vítor Costeira Imagem: Adele Norielle
COMO UM FIO CHEIO DE NÓS... Afinal, não me deixaste nada escrito! Nem estás tu nem as palavras prometidas. Vim aqui, procurar parte de ti, algo que me falasse de ti e também de nós, mas de ti nada encontrei e, das palavras que não li, fiz algo por mim.
Parti, então, à minha procura, na tentativa de perceber porque razão aqui vim, uma vez mais, e é de mim que te vou falar, pois sou como um fio cheio de nós e, sim, também és um deles, tu e eu, nós de nós. Acredita…desato-os, com relativa facilidade, mas logo se emaranham outra vez, no entrançado dos instantes que evito repetir sem êxito e enredado volto a ficar, em nós…
Sabes…? Fico feliz por me ouvires, fico feliz por me leres, pois do que mais preciso é sentir que existo nos diálogos que dirimimos, na possibilidade infinda de me ver do lado de fora, em ti. Expulsar! Sim! Expurgar as sombras frias sempre que me povoam os dias… … e sinto-me maravilhosamente contigo, pois não tenho pudor de a ti me expor e exponho-me num todo que me surpreende tanto quanto me satisfaz!
A dor, tal como a vejo, tem de ter pudor, não deve despir-se, sem mais nem menos e, como nunca antes consegui fazê-lo, fico agradavelmente surpreendido, e feliz em o fazer contigo.
Tens algo de mágico, que sabe tão bem! Uma sensibilidade tal, que descrevo quase dolorosa, que me arrasta de mansinho. Parece que te conheço desde sempre, ao ponto de dar saudade. No mundo em que vivemos, todo ele, tão amargo, tão salobro, percebermo-nos potáveis quase que é doentio… saudavelmente febril!
Num poema, dizias para dançarmos, gritarmos, cantarmos, rezarmos ou escrevermos, quando se faz escuro. Eu… escrevi!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Leonid Afremov
AINDA NÃO SABES, MAS ÉS FELIZ! Se as manhãs te despertam com um sorriso colado ao teu acordar e o chilreio amigo e melodioso de uma ave chamada liberdade te sussurra palavras de esperança mais calorosas do que os raios de Sol que passam através da janela…
Se tens um abraço que te aconchega do tamanho que o mundo nunca terá e um peito onde encostar a cabeça, num palpitar cardíaco desmedido de onde te parece que não mais sairás, que te acalenta e aquece a alma, num pacificador e puro gesto de Amor…
Se nunca sentes a solidão por perto na multidão de desafios que a vida te propõe e renasces confiante a cada dia que passa no rosto de cada criança que te olha, no olhar agradecido de um idoso, no alimento e no lar que te abriga e respiras Fé e bonança no teu caminhar…
Se, pela manhã, no sonolento acordar quando te olhas ao espelho, sorris… …ainda não sabes, mas já és feliz!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Tomasz Alen Kopera
MAR, ESCULTOR DE SOLIDÕES! Mar, solitário e confidente mar, recebe anfitrião o meu olhar e envolve o teu melodioso canto no ritmado embalar das ondas, como se a tua água fosse o manto onde a tristeza peço que escondas…
Mar, água, delicioso encanto, em ti me faço homem e guerreiro e me desfaço em íntimo pranto, num sonho a que chamo veleiro, e que, na solidão do seu navegar, não tem rota nem azimute a traçar…
Mar, gentio escultor de solidões, também tu és em mim marinheiro, também tu em mim compões canções e eu em ti sou barco e barqueiro, somos, um do outro, princípio e fim, eu sou a tua solidão e tu o meu fortim!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
CONVITE! Hoje, estamos todos convidados a participar numa conversa na rádio, comigo! Agradeço a Vossa presença! Obrigado! Abraço! HOJE, TERÇA FEIRA DIA 23 de Fevereiro Amantes da Poesia "Convidado especial da noite " Autor Vítor Costeira" "Amantes da Poesia" pelas 21H00 sintonizem 90.9Mhz, e para todo o mundo emwww.popularfm.com (Na sua Rádio de eleição onde a Poesia acontece) Com Maria Isabel Rodrigues e Celeste Martins Aqui damos voz aos Escritores e Poetas.!!! Para participar na emissão, basta ligar: 212387220. A não perder!
HOJE, O TEU DIA EXISTIU? O dia de hoje não existiu… antes de se ter tornado dia faliu e eu que tudo apostei nele, fali com ele e também eu não existi… há dias assim!
E tu? Fala-me de ti… que viagens fizeste hoje? onde te encontraste? que sol te aqueceu? que sorrisos te pintaram? quantas vezes leste vazios nos olhares que te vestiram? o teu dia existiu? e tu?
Autor: Vítor Costeira Imagem: Leonid Afremov
APENAS ISTO!... Sabes o que me apetecia agora? Agora que a chuva parou, o vento amainou e o Sol descobriu o meu sorrir… Sair… ir por onde o corpo sabe sem pensar, encontrar-te numa esplanada em frente ao mar, mesmo que estivesses acompanhada e evitasses fitar a minha chegada, olhando apenas de relance, como num bonito romance, fingindo não olhar no sorriso que eu iria decifrar como sendo todo para mim… mesmo de longe, olhar para ti… falar contigo sem nada dizermos e olhar a mesma onda que tu olhasses… apenas isto…
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
E... ASSIM FOI... Decidi sair e saí… caminhei ao longo da praia, aventurei-me na entrega e, nessa dádiva, fui recebendo os carinhos de uma onda que ia e vinha, tocava-me e fugia, molhava-me e ria, brincava como uma menina, divertida na sua traquinice e, na sua ingenuidade madura, era e sabia que me fazia feliz…
Umas vezes, escondia-se e eu deixava de a ver, o mar parava, o riso deixava de se ouvir, todo o bulício amainava e eu desanimava…
Depois, a marota reaparecia e, lá longe, gargalhava apenas para que eu a visse sem poder, também eu, atrever-me a prolongar a brincadeira que ela começara, criando em mim a tentação, a vontade suprema de me despir da capa de homem sisudo e saltar para as águas trocistas apenas para ir ter com ela e atrever-me no seu atrevimento…
Mas eu fiquei… na areia molhada sentei-me e, de longe, sorri, esperei por ti, olhando para onde sabia que estavas e esperei que tudo recomeçasses… e, assim, foi!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Vladimir Kush
ENQUANTO O NOSSO AMOR TIVER TAMANHO! Amo-te, nesta ideia nocturna da luz nas mãos e quero cair em desuso, ser lã e linho em artesão fuso, enlear-me, torcer-me e fiar-me em suaves espirais, se possível for, ainda muito mais, até ser a pele da tua pele, ser garupa, ser teu corcel…
quero, em insano desalinho, em simétricos matrizes e fractais, ser arado e ser ancinho do quente arrepio com sabor a mel que de ti se desprende, no brilho que nos teus olhos se acende…
quero ser lamparina a óleo, num imaginário difuso, que como paixão eu traduzo, bruxuleando sombras chinesas de paixões ternamente acesas, enquanto a noite se embriaga imberbe em nós e nos acolhe em côncava noz…
Amo-te como sempre te amei e, os gestos e palavras de antanho, são os que já foram e os que ainda te direi enquanto o nosso Amor tiver tamanho e as tuas mãos guardarem a luz que nos guia e ardente nos seduz!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Vladimir Kush
HOMENAGEM À MULHER! PARA ESTE DIA ESPECIAL!!! A Poesia é Mulher! A Mulher é Poesia! É sentir, é emoção à flor da pele, é paixão pura, é entrega cega, é escrever sem letras, as que desafiam o entender… É olhar e ser capaz de sonhar, fazer vírgulas, aspas e pontos dentro de um instante, e, nesse mesmo instante, amar, escrever um romance todo o ser doar…
É vestir flores! Abrir, fechar e trancar amores! Engolir chuva! Morder sóis!... Amarrotar lençóis! Passear no céu! A poesia? Sei lá eu… …mas a Mulher é Poesia!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
AS TUAS MÃOS... Gosto das tuas mãos! Gosto das tuas mãos porque elas não são grandes nem pequenas, nem precisam de ter um tamanho… porque não são brancas nem escuras, nem conheço cor que as saiba definir…
Gosto das tuas mãos! Gosto das tuas mãos porque, na terna inconsciência dos seus gestos, elas criam e falam a poesia dos meus dias… porque suavizam o crispado da minha pele na textura acetinada da felicidade rara …
Gosto das tuas mãos! Gosto das tuas mãos porque são elas que embalam o meu sonho e despertam fantasias incontáveis… porque semeiam grados bolbos de esperança nos áridos canteiros do meu olhar…
Gosto das tuas mãos! Gosto das tuas mãos porque são amigas, apaixonadas e amantes que não escolhem lugares nem instantes... porque se fazem crentes na generosa dádiva e se entregam completas no corpo que acolhem…
Gosto das tuas mãos! Gosto das tuas mãos porque, sempre que agarram confidentes as minhas, nasce um novo ser nesse aconchego e porque, escultoras, modelam um novo amanhecer por cada lágrima minha que lhes cai no seio…
Gosto das tuas mãos, sim! Gosto das tuas mãos… porque gosto das tuas mãos! porque gosto das tuas mãos!! …porque gosto tanto das tuas mãos!...
Autor: Vítor Costeira Imagem: David Agenjo
PAI!!!! Abraças-me como se eu fosse um sonho e os teus braços rígidos suavizam, algodão, protegem-me e mantêm-me longe do chão enquanto balanças como um bote num rio, de bombordo para estibordo, de estibordo para um bom bordo, aquele que já planeaste para me proteger, para nos teus braços, e fora deles, tu em mim te veres sadiamente crescer, na medida do amor que tens para oferecer e que o teu olhar não sabe nem quer esconder, quando os teus olhos brilham, diamantes, diria, todas as eternidades em apenas instantes…
…e buscas em mim o melhor de ti, nas parecenças e nos sinais escondidos que o teu sangue deixou em mim cerzidos e que apenas tu sabes onde encontrar no tempo que, para mim, vem, como sendo o tempo que para ti vai…
Obrigado, por seres tu o meu Pai!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
POEMA PARA TI!... Seja o que for que a vida tenha para te dar, entre a esperança da partida e a alegria da chegada, nunca deixes de sonhar! Nunca deixes de acreditar que a vida também se fez para te festejar e que os sonhos nascem como as flores, em qualquer tempo, em qualquer lugar!
Podem chamar-te louco! Podem dizer que és aquilo que sabes bem que não és, porque, no fundo, sabes que és aprendiz e sentes-te assim muito feliz!
Nunca deixes de sonhar porque, se um dia isso acontecer, podes continuar a respirar, pode o Sol continuar a aquecer, podem os rios correrem para o mar mas tu já pouco tens para viver! Tu estás oco… não, apenas, triste mas oco e vazio… estás como morto!
Que nunca alguém te corte o sonho rente! Ninguém é de ninguém! Viver sem um sonho é ser refém, ser propriedade de outro ser!
Viver sem um sonho é não viver!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Tomasz Alen Kopera
FELIZ DIA DE PÁSCOA, PARA TODOS NÓS!
Perdoa-nos! Nós nem sempre sabemos o que fazemos!
LIBERTO-TE!!!... No meio de uma multidão de crianças felizes, cada uma com seu balão, vou libertar-te…
Vou permitir, finalmente, que sejas o que sempre foste, que sejas o que sempre quiseste ser, que voes solta e liberta para um infinito que seja a cor que melhor te souber, que te receberá como uma estrela e que, como estrela que és, ver-te-ei depois da minha janela nas noites que se quiserem nossas…
Vou libertar-te… Abrirei a mão com que te prendo a mim e, muito suavemente, para melhor sentir o fio que ainda nos liga, a roçar-me a pele na despedida, vou olhar a tua felicidade na partida, sabendo que serás agora quem sempre quiseste ser, ave livre e doce amiga…
Vou libertar-te… para nunca mais te assustar nem te forçar a ser quem não queres, para que não te faças presente apenas porque me sentes triste, oferecendo-me um meigo e nervoso olhar que eu traduzo sempre na medida errada em tudo quanto me faz bem…
Ah! Amiga, paixão, amor, como conseguirei eu transformar toda esta antecipada saudade, toda esta imensa dor, neste momento da tua liberdade, em alegria, paz e cor?
Vai! Vai, agora…! Sorriem-me os olhos enquanto a minha alma chora…
A Amizade e o Amor libertam e dão! Abro a mão e liberto-te! És tão linda, Amiga, Paixão, Amor! Serás a estrela de quem tu quiseres!
Libertei-te, Amiga!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
APENAS PARA TI... Foram tantas as pedras que encontraste pelo teu caminho, que decidiste seguir o conselho de quem sabia muito mais do que tu e, assim, com elas construíste um castelo… E foram tantas e tantas as pedras que foste recolhendo ao longo do teu longo caminho, que os muros do teu castelo em direcção ao céu foram crescendo, numa oração ou apelo, de tal forma que só paraste quando já só tinhas uma pedra no chão…
Por fim, descansaste em cima da pedra e em teu redor olhaste e, para imensa surpresa tua, o castelo era enorme e disforme e, dentro dele, em cima da última pedra, sentado e extenuado, estavas tu, encerrado na multidão maciça de rochas… Tinhas acabado de construir um castelo, com as pedras que encontraste pelo teu caminho, e olhavas a única estrela que conseguias ver, sentado em cima da única pedra que, junto a ti, ficara enclausurada contigo…
Mas naquela imensa desolação, não estavas só! Tinhas uma pedra que te servia de apoio e que te ajudaria a derrubar as enormes muralhas e tinhas uma estrela cintilando esperança que te guiaria como cicerone e farol, apenas para ti…
Autor: Vítor Costeira Imagem: Retirada da Internet
Mote: Este poema foi escrito baseado na obra "Pedras no caminho" de Fernando Pessoa, com o intuito de mostrar um pouco de esperança para amigas e amigos que se
sintam tristes, desiludidas e sem esperança.
...E, SE...? … e, se… os
teus olhos de gaivota acreditassem
nas asas e voassem, tomassem o rumo
do infinito e, de lá tão
longe, me chamassem no encantamento
de um grito, na força de
marés que não findassem?
… e, se… não
fosses Sol? ... e, se não
fosses mar? Onde iria eu
minha alma incendiar? Em que água
iria eu marejar, quando meu
sonho fosse navegar? Que sonho teria
eu para sonhar?
… e, se… um
dia, uma manhã nos acordar
numa hora tardia, numa loucura
pura e sã, e nos envolver
numa esperança sadia, sem um relógio
que meça o tempo, sem dor, culpa
ou lamento?
… e, se… me
leres uma história, um conto, uns
versos, ou coisa assim, fizeres parte
da minha memória e eu ser o
imenso tudo para ti, nas páginas de
um livro sem fim que contará a
vida como uma glória?
… e, se… num
gesto que não sei dizer, tu segurares a
minha mão, com enlevo,
meiguice e carinho e no teu olhar,
que sempre sorri, murmurares
suave e baixinho: – sabes…? eu
gosto de ti!...
… e,
se…? … e, se tu e
eu…?
Autor: Vítor
Costeira Imagem: Dorina
Costras
Estimado Vítor!
Vou te contar o conteúdo de um daqueles DVDs que gravo de tempos em tempos.
(Te disse uma vez que não confiava em ti o suficiente lembra? Estou mudando de opinião)
Tudo começou com uma inocente brincadeira. Foi logo após eu ser contratada pelo município, para trabalhar como professora numa escolinha da zona rural. Povoado de
Jerusalém!!! Eu nunca vou me esquecer daquele local. Um lugarzinho quieto, sossegado. Bem no meio do mato, com gente simples, muito humilde, muito pobre, mas, lá reinavam uma
paz que eu nunca encontrei em nenhum outro lugar.
Depois de um ano inteiro de muita luta e muito sofrimento pra conseguir me estabelecer ali, naquele lugar longe de tudo, finalmente chegou outubro e o meu
aniversário.
Eu ministrava aulas para uma turminha esperta formada por crianças de terceiro, segundo e primeiro ano seriado. Tudo dentro da mesma sala e foi então que meus
alunos me perguntaram, o que eu queria ganhar de presente de aniversário.
Claro que eu nunca poderia dizer a eles que eu queria ganhar qualquer coisa que tivesse que gastar dinheiro, porque eu sabia das condições das famílias deles e que
não poderiam me comprar nada.
Então eu tive uma ideia. Eu falei para as crianças que eu queria montar um aquário bem bonito dentro da sala de aula, ali no canto. Onde eles pudessem colocar
peixinhos miúdos que eles mesmos pescassem ou trouxessem em redinha e que por isso, eu queria ganhar de presente de aniversário, um monte de pedras para enfeitar o fundo deste aquário. As pedras
mais bonitas que eles conseguissem achar, era para levarem à escola, que seria este o meu melhor presente de aniversário.
E foi assim que eu me tornei colecionadora de pedras. Três anos depois, fui transferida e peguei de recordação daquele vilarejo, estas humildes pedrinhas da imagem
abaixo.
Sempre que me sinto fracassada e derrotada, eu olho estas pedras e lembro dos rostinhos felizes que me deram com alegria este singelo mimo. Aquelas crianças mudaram
a minha vida.
Hoje eu penso em aprender desenho e personalizar pedras para presentear.
Fiz até citações observando estas pedras. "De tudo o que há no mundo, nada é mais humilde que a pedra e também nada tem prevalecido mais do que ela sobre a face da terra."
"Não passamos de poeira e pó."
Exaltação e Resignação. É nisso o que este seu poema (baseado em Pedras no caminho) me faz meditar.
É isso! Obrigada
PARA O DIA INTERNACIONAL DO BEIJO 2016 - BEIJEM!!! É uma nesga de
Sol, é um conto de
fadas, é um si
bemol, são palavras
aladas, é um prelúdio
maravilhoso, é um pêndulo
esquecido, é um gesto
formoso, é um olhar
querido, é um movimento
electrizado, é um sopro de
sonho, é um saudoso
fado, é um amanhecer
risonho, é uma vida
completa, é um
cometa, é um
vulcão, é um
risco, é um
trovão, é um
asterisco, é um
desejo! É tudo
isto,.. é o
beijo!
Autor: Vítor
Costeira Imagem:
Internet
ONDE VAIS TU, SE EU ESTOU AQUI? Onde estás tu,
quando não estás? De que parte de
mim te ausentas tu, quando o teu
olhar vago busca algo que
está além de mim, em direcção a
outro algo que eu
desconheço?
Onde estás tu,
quando o teu olhar, desembainhada
espada, me trespassa, como se eu
fosse nevoeiro, fina e
vulnerável neblina, e vagueia entre
algo depois de mim e um imenso
nada que, eu prefiro
pensar, que assim
seja?
Ou será que sou
eu esse imenso nada e tens que
olhar além para que
encontres algo ou alguém que preencha
vazios, que adoce
sorrisos e te dê
motivos para deixares
de olhar?
Onde vais tu,
quando não estás? Que partes de
ti aqui ficam para que me
distraiam o olhar e não veja que
não estás, sempre que me
procuras em quem me é
alheio?
Onde vais tu,
se eu estou aqui?
Autor: Vítor
Costeira Imagem:
Salvador Dali
JAMAIS TE PODERIA ESQUECER...! É para ti que
eu escrevo, neste momento… Para ti, ser
humano inventado num intervalo
de tempo onde o teu
corpo foi criado, amassado,
moldado e trabalhado em suor pelo labor de
dois corpos em conjunção, na demanda pelo
gérmen do amor!
É para ti que
eu escrevo, neste momento… Para ti que
floriste vida num campo
aberto ao sonho e à ilusão sã onde a noção de
espaço era reduzida a simples
canteiros de salsa e hortelã…
Escrevo-te,
neste momento, apenas para te
dizer que o esquecimento não tem molde
de fabrico para as minhas mãos e não é a cor
da tinta com que eu
gosto de escrever o teu nome nos bilhetes e
cartas que não recebes de mim!
Autor: Vítor
Costeira Imagem:
Pixelnase
A VIDA, NEM SEMPRE É TRISTE...! (poema longo) Vem… Chega-te um pouco mais a mim e senta-te ao lado de alguém que já viveu quase todas as eternidades que é possível viver em apenas uma vida e que tu, um dia, docemente recordarás, aqui, neste mesmo local, onde eu continuarei a estar sempre que aqui te sentares para feliz me sentires…
E nos vazios que a vida tiver para te dar lembra-me nas palavras que sempre disse e direi, nas ainda muitas eternidades que sorveremos, que os caminhos que apressadamente percorremos registam sempre os nossos céleres passos e a ferro e fogo tatuam a nossa vida, a que um dia chamaremos de memórias… sim, essas mesmas memórias a que eu chamo eternidades…
Mas, sabes, esses sabores que gentilmente nos permitem, neste mesmo instante, sorrir, são feitos da mesmíssima massa dos muitos outros que nos fazem chorar, e a diferença está apenas em nós e no que quisermos fazer dos nossos dias, no valor que dermos aos momentos em que podemos pacificamente apreciar o breve respirar entre o amanhecer e o surgimento diáfano da noite…
A diferença está no compreendermos e respeitarmos os seres irmãos que connosco partilham este mesmo lar a que resolvemos chamar Terra! A diferença está na forma como amarmos e desejarmos ser amados, no todo de uma maravilha chamada entrega, na ausência da espera da recompensa, na tolerância para com os companheiros de viagem, no perdão a quem achamos que não merece e na sabedoria do nosso próprio perdão, que nos levará finalmente a entender de onde vem a luz que suavemente nos indicará o caminho certo a trilhar!
E, claro… finalmente, o Tempo! sim, essa presença constante que apenas se declara muito tempo depois, por vezes tarde demais, e que nos marca sem quase darmos por ele! Não há forma humanamente possível de o contrariar ou forçá-lo a recuar e é desnecessário culpá-lo seja do que for, pois somos nós que o esquecemos vezes demais!
Por tudo isto e muito mais, que agora não te sei explicar mas que sei que compreenderás no que não digo, faz da tua vida uma linda aguarela! Dá-lhe cores, sons, paladares, texturas e formas que te façam com elas também te sentires bela! Acorda todos os dias em busca das manhãs como se fosses uma eterna aprendiza e renasce mais forte e mais audaz de cada vez que tropeçares na solidão, na indiferença, na mesquinhez ou no vazio! Aprecia o livre voar das aves, sê confidente e amiga da voz do mar, planta flores na aridez de alguns momentos, aprende, fala, brinca, viaja, lê, escreve, saúda o Sol e a vida, ganha coragem sobre o desespero, canta, encanta, sorri, ama, ama-te, perfuma-te, prepara-te para a ventura que é estar viva e vai regando a esperança que em ti eterna existe!
Olha bem para mim… sou tão feliz! Sabes? A vida nem sempre é triste!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
ENTÃO... AMO-TE, AMOR!!!
Escrever-te em doce poema, ser tua pena, teu jogral e teu trovador, será isto Amor?
Passear contigo até à Lua, antes de o Sol se pôr, será isto Amor?
Ser cúmplice único do teu olhar, perdidos numa multidão em redor, será isto Amor?
Partilhar momentos de tristeza e desenhar no teu sorriso uma nova cor, será isto Amor?
Rir de algo que é apenas nosso a meio de um filme de terror, será isto Amor?
Desejar ter o meu corpo em ti, com alma, paixão e sem pudor, será isto Amor?
Segredarmos como duas crianças em suave fantasia no voo de um condor, será isto Amor?
Comemorar o segredo da primeira vez sempre com o mesmo desejo e fulgor, será isto Amor?
Ser da tua vida o actor principal, poeta, leitor, amigo, amante, coautor, será isto Amor?
Na tua ausência, sentir-te presente, como se eu fosse colibri e tu uma flor, será isto Amor?
Os dois lermos, sorrindo, este poema que fala de nós e do nosso Amor, será isto Amor?
Se assim for… então... amo-te!!!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Océlio Targino Música: Audiobinger - The First Time I Laid Eyes
NO TRINCO DA PORTA Saíste! Triste, saíste do meu lado e, sem te despedires, despediste-te…
Deixaste-me um sorriso desenhado e um “para sempre” pendurado no trinco da porta, que fechaste com muito cuidado para que eu ficasse desperto, acordado, ligeiramente esperançado…
…eternamente esperançado que tudo não passasse de um inexistente momento e que, no fim de algum tempo, voltasses com o teu sorriso lindo desenhado e um “para sempre” pendurado no trinco da porta que não abrisse e, de novo, te visse, eu, desperto e acordado, eternamente maravilhado e, tu, feliz a meu lado…
Saíste!...
Autor: Vítor Costeira Imagem: Mihai Criste
DIZ-ME... ONDE ESTÁS?... (Para o Dia da Mãe 2016) Onde estás tu?... Tu que aqui me semeaste, que me deste uma vida inteira como um desafio para resolver, que aqui me deixaste sem um código para decifrar tudo o que não sei, e é tanto que nem sei dizer!
Por vezes, sinto que atravesso um deserto em busca de algo que nem sei se estará longe ou perto, porque é tão fácil eu perder a noção do ínfimo ser que sou, apenas sabendo que quando estou perdido tenho que encontrar o meu caminho nesta demanda, nesta provação, para um destino que me é desconhecido e que tu não me soubeste dizer…
Não quero que me salves agora, pois eu sei que essa é minha função e tu não o poderias fazer, mas gostaria apenas de sentir que estás lá, sempre que no chão eu cair, e que terás estendida a tua mão, quando eu para cima olhar esperançado em te encontrar, em te ver sorrir…
Preciso de força, preciso da tua força, preciso do teu olhar, preciso saber que existes em mim tanto quanto eu quero sentir-me em ti! Preciso saber que estás comigo, preciso sentir-me acompanhado e que a tua mão segura a minha, como a minha guia apaixonada… não sei encontrar-me abandonado!
Deixa-me sentir abraçado, alimenta a minha esperança, faz do meu sonho a tua criança, faz de mim, de novo, o teu sonho!
Dá-me paz, acalenta o meu amor com o teu imenso e esperado amor! Onde estás tu, por favor!?...
(Porque todos tivemos uma Mãe, mesmo que ela não tenha podido ou sabido fazer-se sentir... :-( )
Autor: Vítor Costeira Imagem: Assinatura de autor ilegível
DANÇAS, DE NOVO, COMIGO? Enquanto a música se fazia senhora e rainha por entre o aroma do rosmaninho e alecrim, simplesmente, eu era teu e tu eras minha e, naquele instante, tudo começava assim…
Olhos nos olhos e mão na mão, feitos éter, levitávamos os nossos corpos e, suavemente, fugíamos do chão!
Os dois colados éramos um só, eu sussurrava-te perfumes apenas nossos e tu oferecias-te num sorriso, sem espera, sem mácula, sem aviso, numa brisa com sabor a eternidade que eu devorava em instantes!
E entre sonhos e felicidade, éramos muito mais do que dois amantes que olvidavam os passos da dança e trocavam os pés pelas mãos, ao ritmo de uma esperança criança que alimentava sentimentos doces e sãos!
E, assim, continuávamos o bailado, seguindo apenas o pulsar do coração, olhos nos olhos, mão na mão, até que a música deixava de ser rainha mas eu continuava teu e tu eras minha e naquele instante de rosmaninho e alecrim, percorrias a minha pele com um sorriso e sem que mais nada fosse preciso, sussurravas-me eternidade, assim…
“Meu amor, minha paixão, meu amigo, danças, de novo, comigo?”
Autor: Vítor Costeira Imagem: Rodolfo Ledel
ENQUANTO TE ABRAÇA E SORRI... Numa daquelas tropelias do destino que enchem de luz e bonança o mais escuro dos dias, o senhor dos acasos e da esperança trouxe até ti, ao teu sonhar, aquela que sabias que seria a única a quem querias amar na mais pura alegria…
…e afagaste-a com o olhar, adocicaste o caminhar, tatuaste a sua pele com o teu fogo, com o teu mel, e percorreste-a carinhoso, talvez até em agonia, sem saberes se ela sabia que ali estavas só por ela, rosmaninho, cravo e canela, especiaria pura sem caravela…
… oh! Terno e eterno momento, aquele em que ela te sentiu, como a farinha e o fermento, num quente e doce arrepio, quando em ti se viu e agora vê, nos poemas que leu e agora lê…
… e lê na poesia dos seus dias! … e lê na paixão dos momentos! … e lê na suave curva dos tempos! … e lê na felicidade do sonho que és o único a quem quer amar, e afaga-te com o olhar, percorre-te carinhosa e está ali apenas para ti, gardénia, jasmim e rosa enquanto te abraça e sorri…
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
(NA) MADRUGADA FRIA … e o solitário chocolate derretia na paisagem diluída e ausente que se fazia longa e fria…
… após uma noite tão quente, chegara novo dia mas no ar ainda havia aroma a orquídeas envergonhadas que as asas de um anjo deixara, como símbolo protector, numa noite inteira e clara, toda ela sabor, toda ela suor, toda ela odor…
… toda ela de vermelho vestida, num fundo branco transpirante que coroou o instante no húmido da roupa enrugada e surpreendeu a madrugada, que acordou calma e cansada e distraída se fez dia…
… mas, de novo, o dia…
Que sabor teria o chocolate que, em cima da mesa, jazia? E que interesse, saber o sabor, teria, se apenas uma boca o trincaria, no clarear de um novo dia?
… mas, no novo dia, todo o olhar refém da memória foi levado de forma inglória pela água da chuva desperta que cristalizou uma noite sem sonhos num sonho doce em doce alerta no silêncio de corajosos segredos e do entrançado suave dos dedos, na força do tudo ou nada, restou um mudo quase tudo, no acordar da fria madrugada…
… mas, de novo, o dia diluía toda uma noite de sentinela no orvalho que escorria da janela enquanto o cinzento do céu arrefecia, naquela madrugada fria…
Autor: Vitor Costeira Imagem: Capa do livro de Laura DaSilva
AMAR É... Amar é dar, não é dor... é doar, não é doer... é oferendar, não é ofender... é dádiva, não é dívida... é tocar, não é atacar... é paixão, não é compaixão... é aceitar, não é açoitar... é sim, não é assim-assim! Amar é... simplesmente amar!
(Sim... é muito mais! :-) )
Autor: Vítor Costeira Imagem: Adam Martinakis
SEMPRE ESTARÁS! Estás em mim, és parte de mim e, sim… sinto-te agora aqui, neste mesmo momento em que te reinvento, em palavras que sei que nunca lerás e na saudade em tatuagem que gravaste no meu peito, para que eu seguisse viagem já sozinho, no meu leito, onde tu não mais dormirás…
mas, sim… estás aqui e sempre aqui estarás!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Adam Martinakis
...E FIZESTE-ME SENTIR COMPLETO!... Assomaste à porta da minha vida e franqueaste-a por completo, com corpo e alma, numa dádiva inteira, como quem nada pede para tudo poder dar e nas minhas mãos descrentes, surpreendida pela minha surpresa, oferendaste-te, completa!
Completamente arrebatadora! Completamente do avesso! Completamente terna! Completamente eterna! Completamente toda! Completa!
Entraste no meu minúsculo universo, preencheste os ocasos da memória, coloriste os espaços em branco, redescobriste sorrisos esquecidos, criaste um caos utópico, escreveste momentos únicos a que chamei poemas, e fizeste-me sentir vivo… e fizeste-me sentir completo!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
HOJE, SEREI EU O TEU SILÊNCIO... Silêncio… sentir-te neste momento tão inesperado, sem que eu me sinta triste, só ou desolado…
saber-te a querer um cais onde possas aproar e prender amarras, vindo e estando tão tímido, não ficando dilacerando, apenas passando e afagando, suavemente, fazendo parte de mim…
silêncio tão meu, sempre que em ti me abandono quando por ti espero ou procuro e, em ti, me reencontro
mas , hoje, não… sei-te junto a mim mas deixas-te aqui ficar como quem espera atenção, sem ter que a pedir.
Sinto que hoje és tu que me procuras, que hoje sou eu quem te conforta e faço companhia… contemplo-te e és meu céu, diz tudo aquilo que tens para falar, para comigo desabafar… hoje, o silêncio serei eu…
fica aqui a meu lado todo o tempo que quiseres e desfruta de mim, confia em mim, como a minha alma em ti confia, e faz como eu sempre faço, transborda toda a tua melancolia para o meu regaço…
abraça o meu abraço e deixemo-nos assim ficar, até levantares amarras para aproares, de novo, ao mar…!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Internet
PAR(T)ISTE... NASCI! Gritando dor, o firmamento rasgou o seu ventre prenhe! Surgiram relâmpagos e trovões de humana voz, e um grito apenas ecoou pelo finito do todo infinito, e as águas tombaram, quentes e libertas e inundaram o humilde solo, fertilizando a espera…
Finalmente, vindo de um tempo terminado, surgiu um ser, e, envolvido em vermelho líquido, ele próprio gritou vida!
O que te aconteceu, a seguir, não sei… O que me aconteceu depois, agora já não importa…
Mais tarde, voltaremos a falar… até lá, repousa em Paz!
Autor: Vítor Costeira Imagem: O Nascimento de Vénus, Alexandre Cabanel
VALSA PARA UMA ESTRELINHA...
… e sorriu descontraído, dir-se-ia distraído, e, com suaves movimentos, como quem sabe o que quer, perfumou o corpo com unguento, pétalas de bem-me-quer, e vestiu a roupa que o esperava bem dobrada e bem vincada pelos dedos de uma mulher que, já ali não estando, sempre estava para e por ele olhando…
… depois, enfrentou o espelho, numa rivalidade masculina e, sem lhe pedir conselho, adornou o cabelo com brilhantina… …tentou com arte pentear o pouco cabelo que ainda tinha e ficou pronta a brilhar na lapela uma florzinha…
Abriu a janela de par em par e a Lua retribuiu o olhar, fizera-se dele o firmamento, juntando as estrelas em redor, acalmou-se a noite e o vento, nem tristeza, nem lamento, apenas alma e amor, enquanto olhava a fotografia que, terna, para ele olhava e uma valsa da grafonola nascia…
… e ele para ela valsou… Valsou! Valsou! Valsou!!!! Dançou! Cantou!! Amou!!!... … até que a valsa parou…
… e numa prece ele rezou com a alma pura e descalça, como o fazia sempre à noitinha: “Obrigado, por mais esta valsa, querida e eterna estrelinha…”
No seu olhar, um brilho floriu e, no céu, uma estrela para ele sorriu…
Autor: Vítor Costeira Imagem: Leonid Afremov
... E ALI SE FEZ MULHER! Acordou… Abriu os olhos céu e desfez-se em mar…
Tanto sonho para navegar, até o Sol se pôr, e toda ela caravela esperando o navegador, para aproar à vida que ia perdendo a cor, chegada sem partida, jardim sem flor, num caminho que não espera, rumo ao horizonte, quimera, que sonhara visitar nos seus olhos mar…
… e ali se decidiu, e ali se fez um novo ser no olhar de quem não viu o sonho a acontecer!
… e ali rumba se fez, em suave dialeto italiano, meneando em ritmo cortês as ondas de um vestido gitano!
Acordou… e ali se fez Mulher!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Vladimir Kush
O SENHOR DOS ABRAÇOS
Nasceu milagre de um clandestino abraço, entre o maravilhoso e o proibido e, de braços carentes e estendidos, passou por vazios e frios regaços e nenhum desses laços se maravilhou na inconsciente meiguice do seu olhar, na suave carícia do seu eterno voo e, como rama de árvore, se ofertou a todo o ninho que em si se fez lar…
… E, por todos os abraços que não teve, aprendeu a abraçar o profundo mar, as aves, as almas, os corpos, o luar, a noite, o dia, o sonho e a fantasia, todas as alheias tristezas e mágoas, os silêncios, os divinos trovões e as águas e abraça a carência amarga dos abraços daqueles que são felizes sem o saber e dos que humildes sorriem no sofrer…
… e, no crepúsculo distante de cada dia, sorrindo no doce sonho que acalenta, como uma criança que bebe fantasia na luz e na paz que em si fermenta, ausente de dores e intolerantes cansaços, abraçado no próprio abraço adormece imaginando-se abraçado noutros braços, esse alguém que apenas se conhece simplesmente, como o Senhor dos Abraços!
Autor: Vítor Costeira Imagem: Vladimir Kush
AGORA... TANTO FAZ!... O que foi que fizeste à minha casa? Alteraste o tempero da comida, substituíste a marca da minha bebida, trocaste o aroma do purificador de ar, guardaste as fotografias em local desconhecido, penduraste novos quadros na sala de jantar, habituaste-me a ver os teus programas favoritos, espalhaste pela casa as tuas revistas preferidas, arrumaste as gavetas com requinte científico, inventaste um muito teu solene horário, atapetaste o chão onde havia madeira, acendeste religiosamente velas e incenso, criaste ninho no lado da cama onde eu dormia, passei a ouvir música que antes desconhecia, estendeste cortinados pelos olhos abertos das salas, transformaste os meus sonhos em miragens, fizeste desaparecer a minha colecção de malas, escondeste os mapas das minhas viagens, pintaste as paredes como se fosse arte rupestre e iluminaste o espaço com modos de mestre!…
… mas beijavas-me como nunca antes fui beijado… … mas abraçavas-me com a devastação de um furacão… … mas incendiavas-me o corpo com alma e paixão!
Viraste-me a vida ao contrário! Como poderei eu voar, apenas com uma asa? Para que me serve confundir o entardecer com a vazia alvorada? Para quê? Para nada!
Sinto-me estranho, não me consigo encontrar e, agora, já aqui não estás para me ajudar a pôr tudo no lugar… Agora… agora, tanto faz!
Mas, se algo de bom restou no teu coração, diz-me, apenas, onde ficou o comando da televisão!
:-) :-) :-)
Autor: Vítor Costeira Imagem: Arte surreal
A CHEGADA DO SAMURAI Vou viajar! Tracei metas para me encontrar! Quero ser o meu presente e o meu Natal, estrela do norte, cruzeiro do sul, o mais desejado ponto cardeal, ser céu e mar azul, ser a minha própria fortaleza, ser a festa e a surpresa!
Levo no farnel, pão, bagas, mel, e pouco mais bagagem… levo a cara e a coragem e, na volta da viagem, chegarei mais forte e inteiro!
Já não virá quem agora vai, chegarei guerreiro, chegarei samurai!
AUTOR: Vítor Costeira IMAGEM: Internet
ACORDÁMOS E SORRIMOS... Acordei mas fingi-me adormecido… sorri ao de leve, apenas para que soubesses que eu estava acordado… não era que fosse assim tão necessário, o meu sorriso sorrir, porque o retesar da minha pele, o estremecer do meu corpo, o calor… sim, o calor que se desprendia de mim em labaredas de desejo, tudo indicava que eu já tivesse saído do reino dos sonhos para entrar num outro idílio, mas eu fiquei assim sorrindo e tu assim me deixaste ficar!
Era isso!...Tu não me querias acordar, mesmo sabendo-me acordado… tu querias apenas abraçar-me, tu querias apenas procurar o pólen nos poros da minha pele, saciar-te no néctar que sabias ter guardado para ti, querias lamber o mel que a manhã ganhara das abelhas, da manhã que ainda nenhuma ave descobrira mas que ambos tínhamos pressentido.
E eu continuava a fingir-me adormecido, docemente embalado pelo doce momento… e tu continuavas a permitir-me fingir que eu dormia num sonho que queríamos os dois ter, cada um à sua maneira, para que ambos soubéssemos que um estava ali para o outro, diferentes em tudo quanto cada um descobria no tudo que cada um oferecia para descobrir…
E descobriste-me por entre o labor odoroso dos lençóis, como se fosse a primeira vez que me descobrias e que me seduzias… e eu deixei-me ir, deixei-me seduzir no aconchego dos teus dedos, nas impressões digitais que iam em mim semeando, na arte que eles têm em criar planos que apenas os dois sabemos ler, que apenas os dois sabemos a que foz desaguar… e, ribeiros de águas mornas, desaguámos!
Então, a manhã fez-se nossa, no piar das outras aves, do lado de fora da janela do ninho feito de ternura e linho, e tu… e eu… os dois juntos no mesmo terno abraço! Tu agora fingias adormecida, sorrindo, sabendo que eu te sabia acordada, e eu fiquei dolente e desperto no teu regaço, fingindo dormir, sabendo-me acordado...
Acordámos e, de novo, sorrimos…
AUTOR: Vítor Costeira IMAGEM: Internet
SILÊNCIO!... CANTOU-SE OUTRO FADO! … e, assim, terminou sem ter começado e o destino cantou o seu próprio fado…
… sem guitarra, nem sequer um fadista, sem alma, sem garra, nem terra à vista…
…e, na despedida, um sorriso amargurado e um momento, uma vida, passou mesmo ao lado…
… o poeta ficou preso ao cais desolado, o poema navegou p’ra noutra voz ser cantado…
… e desfaleceu um verso sem ter acordado. Silêncio, Universo! Cantou-se outro fado!
AUTOR: Vítor Costeira IMAGEM: Costa Araújo
NADA TENHO QUE SEJA MEU!...
Não tenho pássaros… não tenho aves… são elas que me têm a mim, sempre que me visitam quando entram de rompante, sem terem que avisar, nas gaiolas de porta aberta, que é o meu mais feliz olhar, contemplando o seu voar, enquanto para mim vão cantando, indo e sempre voltando, livres, esvoaçando da minha vida fazendo o seu lar…
Não tenho flores… não tenho plantas… são elas que me têm a mim! São elas que me coloram os dias e são elas que perfumam tudo em meu redor, sem terem que pedir para nascer oferecem todo um amor que não sabem estar a oferecer e eu sinto-me ser único, abençoado e privilegiado por me permitirem a elas pertencer…
Não tenho cães… não tenho gatos… são eles que me têm a mim! São eles que me permitem ser o seu mais fiel amigo e me confiam a sua existência e se entregam na totalidade, numa confiança que me honra e me torna digno de existir e entender o seu miar e decifrar o seu latir…
… e as borboletas?... … e as abelhas?... … e as moscas?... … e os gafanhotos?... … e as cigarras?... … e os pirilampos?... … e os peixes?... … e os outros seres?... … e a água e o vento?... … e os montes e o firmamento?... … e a alegria e o lamento?
Nada tenho que seja meu! Apenas eu sou meu e apenas enquanto eu for eu…
AUTOR: Vítor Costeira IMAGEM: Internet
O MEU PAÍS É UM SONHO... (Dia de Portugal 2016) O meu país é um sonho desejado, nos dedos amparado por cada um de nós, enquanto, acordados, dormimos…
O meu país é um sonho ansiado, bailando nos olhos de cada um de nós, enquanto dormimos acordados…
O meu país virado para o mar é sulcado a vermelho e verde, a sangue e esperança, eterno velho e sempre criança!
País de nossos egrégios avós, é um sonho por começar, no peito de cada um de nós, enquanto não acordarmos e, a esperar, continuarmos, que o sonho se faça país e, por si só, se faça feliz!
AUTOR: Vítor Costeira IMAGEM: Internet
O TEMPO CHEGOU AO FIM... Como se fosse uma doce vingança… fizeste-me sentir criança, menino ferido e assustado, numa adolescente despedida, numa amargura já sabida, incontida, e selaste o solene planeado momento, como folha seca ao vento, com o único abraço que alguma vez saboreei de ti…
… e no afastar dos teus passos, fria e curiosa olhaste para mim para teres a certeza de que era forte a minha fraqueza, de que a dor infligida era profunda, tão funda quanto largo e tão belo quanto amargo é o Tejo que visitaste, a quem te prometeras e a quem oferendaste, a página de um livro que rasgaste, depois de te confundires com a multidão, até deixares de ouvir o descompassado bater do meu coração e liberta, então, poderes rir…
… e sem sentires nem te aperceberes que muito tempo antes de ti, já houvera uma fria mulher que substituíra o abraço por um adeus e, assim, me preparara sem o saber para este imenso momento de sofrer, voaste, ave daquele jardim, triunfante, para o teu ninho e solitário amante!
Não voltarei ao banco do jardim, nem, deliciado, apreciarei o estremecer nervoso do teu queixo, nem lerei poemas que falem de sombras, nem serei companheiro do teu caminhar enquanto o rio não se fizer mar…
Na verdade, de nada me lamento… Fui, por momentos, adolescente e até na despedida fui inocente no beijo que cândido deixei em ti, no licor do beijo que deixaste em mim…
O tempo chegou ao fim e não há mais poemas para escrever. Fechaste a história quando quiseste e não porque eu quis… só assim poderias ser feliz!
AUTOR: Vítor Costeira IMAGEM: Autor desconhecido
QUE VELAS TRAZES TU NO OLHAR...?
De que lado do azul vens tu? Em que página do livro me procuras? Quem és tu que eu não conheço e que tens um outro lado de ti? Em que instante te encontras, agora? Qual o destino da tua viagem? Para fora do que está dentro de mim ou para dentro de quem queres que te espere? Como sabes que não tem fim esse voar, que se fez vida, que te derrama luar?
Tens resposta para estas perguntas e tempo para me olhares, enquanto escrevo mais um verso numa página para desfolhares? Contaste o tempo que passou entre um livro que eu escrevi e um outro que o tempo devorou, à beira-mar de um voo em que te rasgas em mar no preciso e precioso instante em que voltas a este lugar?
Lembras-te ainda de mim? Sim… Eu sou aquele barco ferrugento com as amarras presas ao cais, desligados os cabrestantes e preso aos instantes que auxiliariam a sair do local onde o lodo da marina modelou a quilha num silêncio sinuoso e letal...
Que velas trazes tu no teu olhar para podermos navegar nestes distantes mares? As que me iluminam o caminhar ou as que me levarão a outro lugar? Tomarás tu o comando do leme ou esperarás que eu reme? E se o vento não se fizer amigo… quererás, ainda assim, fazer viagem comigo nesta tolhida espera sem fim?
Autor: Vítor Costeira Imagem: Vladimir Kush
... E AS CEREJAS...? (Poema quase-erótico)
Rosas… pétalas… o ar doce e inebriado, todo ele chamamento, embriagado, tal como eu estou… e sigo o caminho do perfume, adentro-me no trilho do vapor e sei que vou encontrar-te, pois sei que me esperas entregue a um momento já nosso…
mas… para que quero eu pétalas, ou rosas, ou perfumes…? para quê? se de olhos vendados e os outros sentidos acordados eu te encontraria e saberia que és tu que aí estás, pelo perfume do teu corpo, pelo teu odor, pela fragância que te veste nua, pelo traçado da roupa que docemente tentadora deixaste espalhada pelo chão…
mas, hoje, não… hoje, deixa ficar as velas, aromatizadas a quente canela! Atapeta a água morna com rosas e pétalas, para receber o instante mais belo quando nos olharmos desnudos, porque só nós agora somos o tudo! As palavras também ficam lá fora porque agora nada impedirá este instante de desejo amante e ambos sabemos ler no toque da pele e no fresco do hidromel de que me fiz surpresa…
Também trouxe comigo… cerejas… cerejas da cor do sangue fervente que aumenta a paixão e a faz ardente e nos incita a ter fome de amor! Cerejas para dependurar nas tuas orelhas e aí as ir colher, num gesto tão puro e são, de que a Natureza tão bem é sabedora, como quem te conta os segredos que já conheces no húmido da minha boca e, depois, ambos as trincaremos na mesma dentada e permitiremos que o suco ferva na pele quente e colore a espuma da água que nos une…
no fim, se é que o fim existe, os copos continuarão sem beberem o moscato espumante que se faz espera, pois seremos cristais um do outro, flores de qualquer Primavera, um do outro amante, e líquidos um do outro seremos e beberemos, um no outro, o líquido em que no outro nos diluiremos!
Rosas, pétalas, chocolate… óleos e perfumes… hidromel para inebriar… tu e eu… num prazer meu e teu, num delírio de sons que apenas nós ouviremos, bailando num oceano de espuma para amar…
... e as cerejas? Ficará alguma por trincar?
AUTOR: Vítor Costeira IMAGEM: Autor desconhecido
LOGO... SOU APENAS HUMANO!
Sou o que escrevo! Tento ler o que sou nas palavras que respiro. Abro as portas do meu ser sem nada esconder, sem nada ocultar…
Escrevo o que sou, o que sinto que sou e tudo aquilo que sinto que gostaria de ser, se eu pudesse sempre escolher…
Sou um apaixonado pela paixão, sou ansioso e repentino, sou, umas vezes, razão e, outras, emoção…
Sou imperfeito, inseguro, por vezes imaturo… sou tristeza, incerteza, sou a perfeição da imperfeição, muitas vezes insano, logo... sou apenas humano!