Especial - Vítor Costeira - G+ De 10/07/2015 à 10/09/2015
SONHASTE!... Sonhaste! Viveste no sonho e no sonho foste feliz! Viajaste por constelações por onde antes já tinhas sonhado viajar, e, assim, já lhes conhecias os trilhos de cor, de tanto neles te teres projectado!
Deste a volta ao mundo deste a volta ao medo e ao degredo, desvendaste-te, redescobriste-te, reinventaste-te e confiaste no embalo do sonho que te era oferendado, numa bandeja chamada fantasia, e saboreaste cada momento encantado que o sonho te oferecia…
Sonhaste! As dores passadas para trás ficaram e embarcaste no veleiro ancorado à tua porta. Fizeste-te marinheiro, homem do leme, estrela e sextante, foste, do teu sonho, um feliz viajante, ultrapassaste ventos e marés e não arredaste o teu corpo do convés, nem perdeste do mapa o azimute traçado a régua, esquadro e compasso, muito antes de existirem sonhos…
Sonhaste que o sonho jamais terminaria, quando afinal ele foi tão breve… inventaste o sonho em ti e foi tão saboroso, não foi? Ficaste com estrelas no olhar e anos-luz de felicidade para viver, mais tarde, noutro sonho. Já conheces agora os caminhos de cor e, na próxima vez que o sonho quebrar amarras, e vogar por entre os meteoritos da ventura, saberás fugir das armadilhas profundas, aquelas onde o tempo para e o espaço se nega a existir…
APENAS PARA TI... Foram tantas as pedras que encontraste pelo teu caminho, que decidiste seguir o conselho de quem sabia muito mais do que tu e, assim, com elas construíste um castelo… E foram tantas e tantas as pedras que foste recolhendo ao longo do teu longo caminho, que os muros do teu castelo em direcção ao céu foram crescendo, numa oração ou apelo, de tal forma que só paraste quando já só tinhas uma pedra no chão…
Por fim, descansaste em cima da pedra e em teu redor olhaste e, para imensa surpresa tua, o castelo era enorme e disforme e, dentro dele, em cima da última pedra, sentado e extenuado, estavas tu, encerrado na multidão maciça de rochas… Tinhas acabado de construir um castelo, com as pedras que encontraste pelo teu caminho, e olhavas a única estrela que conseguias ver, sentado em cima da única pedra que, junto a ti, ficara enclausurada contigo…
Mas naquela imensa desolação, não estavas só! Tinhas uma pedra que te servia de apoio e que te ajudaria a derrubar as enormes muralhas e tinhas uma estrela cintilando esperança que te guiaria como cicerone e farol, apenas para ti…
Autor: Vitor.C Imagem: Retirada da Internet Mote: Este poema foi escrito baseado na obra "Pedras no caminho" de Fernando Pessoa, com o intuito de mostrar um pouco de esperança para amigas e amigos que se
sintam na mesma situação!
MOMENTO FELIZ... … e o dia fez-se eternamente terno, como apenas os dias felizes sabem ser. Da vidraça da janela, lá fora, podíamos ver o tempo e o espaço serem agitados pelo vento e, cá dentro, apenas nós e um universo de emoções por descobrir nos rostos, frente a frente, nos corpos desenhados num nó só sendo, um só, nosso e no momento a emergir. Também o dia, feliz, se deixou descobrir.
ABRAÇA-ME!... Se eu continuar a dormir, se eu me fechar e calar, se eu bater com a porta e fugir, se eu constantemente me flagelar, não me digas muitas coisas, simplesmente, abraça-me e permite que no teu peito eu viva toda uma eternidade e desperte em ti homem refeito, com um novo brilho no olhar que tu possas traduzir por felicidade…
Acorda-me, se eu me esquecer de sorrir quando a primavera florir, quando o primeiro raio de sol eclodir em cada dia que nascer, quando o voar de uma andorinha desenhar suaves espirais no céu, quando o teu olhar procurar o meu ao raiar de cada amanhecer, para que a cada dia eu possa ser sempre um, cada vez, melhor ser…
Agora, abraça-me, feliz, para eu em ti, feliz, adormecer…
MENSAGEM PERFUMADA NUMA GARRAFA... Descobriu-a! Limpa, pura e bela como uma ilha deserta, foi assim que foi recebido e ele percorreu-a por inteiro, sendo, da felicidade, um humilde mensageiro, como se tivesse sido, naquele momento, concebido, como se fosse puro ouro…
Gentilmente, fez dela o seu tesouro e, como se fosse um romântico pirata, desenhou um mapa secreto, guarnecido a prata, onde lembrava as riquezas que acabara de descobrir e guardou-o secretamente num recanto da alma que apenas ele conhecia existir…
Por fim, escreveu uma mensagem, perfumou-a com uma flor e, dentro de uma garrafa, atirou-a ao mar para que um menino distante um dia a possa encontrar e, no seu sorriso mais radiante, leia as palavras que alguém terá escrito… “Nesta ilha, sou feliz! Não quero que me encontrem!”
Autor: Vitor.C Imagem: retirada da Internet e editada por mim.
UM POEMA DENTRO DE UM SONHO Hoje acordei com um poema em mim! Hoje acordei contigo dentro do poema! Hoje acordei dentro de um poema! Hoje acordei dentro de ti e, dentro de ti, de novo adormeci, para o sonho repetir …
TUDO COMEÇA UM POUCO ANTES... Tudo começa um pouco antes de começar, com uma conversa, um gesto, um toque ou um olhar e, nesse precioso momento, a luz do Sol faz-se luar, a pele aumenta o transpirar, a respiração salta selvagem do peito, nada do que se faz se faz com preceito e a paz… a paz é éter que sublima, magia e obra-prima, por entre as eternidades a que chamamos segundos, quando perdemos toda a noção e o sentir em qual dos mundos estará a tamborilar o coração, que samba estará ele a dançar, que agitação tão longe da bonança, enquanto está tão maravilhado que, talvez, não seja uma dança mas apenas a doce voz do seu fado…
Autor: Vitor.C Imagem: Retirada da Internet e editada por mim
TOQUE A VIDA DE ALGUÉM... Toque, toque, toque, toque a pele, toque a alma toque tudo o que possa tocar, mas deixe a melhor melodia de si mesmo em cada pessoa que encontrar!
Mantenha o enfoque no toque e tatue com recordações eternas os momentos da passagem, na vida que se faz viagem, aqueles que ficarão gravados, como uma suave e fresca aragem, sem que alguém se aperceba, mas que neles se embeba!
Toque e faça magia, espalhe harmonia e alegria, seja música e musa com a felicidade inclusa, e transforme a noite de alguém que a vida mais esmoreça em luz do dia e, não esqueça… sorria!
PARA UM DIA DO AMIGO, NO BRASIL! Para todos os meus amigos e amigas no Brasil! Para os outros também! Mas hoje, especialmente, para o Brasil! Um enorme abraço e o meu mais profundo agradecimento, por me permitirem ser vosso amigo, também! Que este dia possa ser como todos dias da vossa vida: feliz! Obrigado! Abraços! Vitor.C
O TEU BEIJO... Foi uma nesga de Sol, foi um conto de fadas, foi um si bemol, foram palavras aladas, foi um prelúdio maravilhoso, foi um pêndulo esquecido, foi um gesto formoso, foi um olhar querido, foi um movimento electrizado, foi um sopro de sonho, foi um saudoso fado, foi um amanhecer risonho, foi uma vida completa, foi um cometa, foi um vulcão, foi um risco, foi um trovão, foi um asterisco, foi um desejo! Foi tudo isto, foi o teu beijo...
VEM!... Vem! Vem abraçar-me, como se, no teu olhar, eu fosse um novo amor, como se eu fosse o mar ou o luar,... Vem! Vem excomungar-me, como se eu fosse um pecador, como se eu fosse a tua derradeira dor!... Vem, seja como for! em botão de flor, em vento agreste, em tempestade, em raio, em música ou em paixão!!! Não importa como, importante é que venhas, estejas e sejas como sempre vieste, estiveste e foste para mim, meu amor!!!
AMOR ADIADO... Desenhou, com traço fino, num papel de seda perfumado, as palavras mais bonitas dos sentimentos mais secretos existentes em si, como homem apaixonado.
Esmerou-se na linguagem cuidada, usando imagens maravilhosas e, para bem completar a mensagem, redigiu um pequeno poema, onde cantava hinos à vida, por amar e ser amado!
Falou do Sol e do sal da sua sede! Falou do mal e do mel do seu amor! Falou de flores e de beijos mordidos! Falou deles, como de cristais ou como de cerejas no ramo!
Terminou com beijos e saudades, saudades e beijos! Dobrou o papel cuidadosamente e, tremendo, guardou-o na gaveta, junto aos muitos outros… e, uma vez mais, fechou-a...
FANTASIA DE UM VIAJANTE Sou marinheiro, argonauta sem escala nem porto. Não sou vivo nem sou morto, escapo à maldição do escorbuto, viajo, descanso e luto enquanto os dias passam e as noites ficam, porque delas preciso, para pendurar o meu sorriso na Lua, para que alguém o veja e sinta a Lua como sua!
A COR DOS TEUS OLHOS... Tinhas nos olhos uma cor que nenhum arco-íris ousou inventar, um azul acima dos céus, com um brilho mais cintilante do que a cristalina água do mar, em noites de luar…
E esse teu lindo olhar inebriava-se no meu, benzia a minha vida e rebrilhava sempre que me olhava com a intensidade própria de quem crê, de quem ama, de quem entrega o que é, mantendo sempre acesa a chama e alimentando a eterna fé de um dia assim também ser amada!
A cor dos teus olhos, avó, não viaja em nenhum arco-íris nem está presente no génio de um pintor porque antes de tu partires eu guardei-a como prova de amor no mais profundo de mim e nunca mais a voltei a ver nos olhos de um outro ser…
Nota: Este poema não tem activada a caixa de comentários. Peço perdão mas sei que me compreenderão! Obrigado!!!
NO CEDO DA MADRUGADA... No cedo da madrugada, pela calada da noite, adormecida, pelo silêncio das luzes apagadas nos candeeiros das estradas solitárias, onde o assombro se casa com o nada… No cedo da madrugada, quando o feitiço da Lua, despida, descobre a esquina de um sonho na escuridão de uma calçada antes do romper da alvorada… No cedo da madrugada, enquanto as estrelas brilham, quando os cães uivam aos boémios que regressam, vou acordar-te!
No cedo da madrugada, vou acordar-te docemente para te amar, até a madrugada findar, até as estrelas se ausentarem o feitiço da Lua desvanecer e o dia nascer!!!
BEBIDA PROIBIDA Bebemos do mesmo copo a bebida proibida, com sofreguidão, ânsia, avidez, até a última gota secar no toque dos nossos lábios, no ardor de um beijo, adiando a sede e o desejo de nova bebida, proibida ou não, até ao fim da vida com a mesma sofreguidão e avidez da primeira vez!
NAMORADOS Passou por aqui, agora mesmo, um casal de namorados, afastados, disfarçados o insuficiente para eu não reparar…
Fingiram-se desinteressados, olharam para outros lados, tagarelaram algo que, certamente, nem pensaram e que já esqueceram, atrapalhados…
Não era suposto eu ali estar, este era o pouso certo para um casal de pombos namorar e eu senti-me órfão de par, fingi-me desinteressado, olhei para outros lados e deixei-me ficar…
Sendo um deles, teria outro refúgio procurado, uma sombra virada para um sonho para enamorados inventado, onde houvesse somente lugar para dois e, depois…
Depois, foi mesmo isso que fizeram e descobriram um lugar onde era suposto ninguém estar e deliciaram-se em arrufos, esquecendo-se do tempo, arrolados em quentes tufos, até outro casal de namorados chegar…
ÉS LINDA! Mostra-me quem tu és, tal como és, sem artefactos, sem pinturas, sejam de guerra ou de paz, sem palavras de ocasião, sem sorrisos forçados, sem gestos estudados, sem perfumes, nem ciúmes, sem alegrias, nem queixumes mostra-te serena, mostra-te natural, liberta-te do artificial, desprende os cabelos, sublima o verniz, retira o calçado e então eu poderei ver aquilo que já sabia: és linda, sim!
VOLTEI AO BANCO DE JARDIM... Voltei ao mesmo banco de jardim mas a sombra, desta vez, não tinha esperado por mim, não existiam padrões de xadrez no empedrado da avenida, apenas a sua lembrança compensava a sua ausência, e desafiava a minha temperança a esquecer a sua essência…
Desta vez, a minha amiga fantasia abraçou calorosamente o Sol, que preguiçosamente se estendia e me fazia sentir um girassol, honrando-me como um seu eleito àquela hora, o único ser vivo, asas abertas como um querubim, dos seus raios um homem cativo sentado naquele banco de jardim…
ÍCARO OU A QUEDA DE UM EGO! Estive tão perto do céu! Quase que o toquei com a ponta dos meus dedos, quase que o vesti como véu…
Quis fazer do céu um espelho meu, quis ser Narciso em pleno voo e foi por um triz que não fui feliz!
Tanto que eu voei! Tanto que eu sonhei que não me apercebi que tinha voado demais e alguém tinha ficado para trás! Voei alto demais! Sonhei alto demais! Errei demais! E, sem remissão, sem absolvição, caí, desamparado, no chão, sem perdão!
Perdi as minhas asas! Perdi o meu aconchego! Navego agora sem rumo, em raiva me espumo, afogo o meu ego cego!
ADÁGIO PARA UMA NOITE DE INSÓNIA Se chegares enamorada, levitando como um anjo, descalça e cansada, ligeiramente embriagada e com um perfume adulterado volatizando do teu corpo… simplesmente, não digas nada, faz de conta que não reparas que eu finjo estar a dormir e que não ouço o teu bocejar nem as roupas a despir, um pouco antes de deitares o teu corpo abandonado, ao lado do meu já deitado, meio trôpego, desajeitado, e adormeceres o teu fado, sem saberes do meu sorrir, nem medires o meu prazer, na hora de eu adormecer a insónia já cansada, doce e esperada madrugada…
POEMA DO DESEJO É o momento, é o instante, são os desenhos que os dedos filigranam nos corpos, são as palavras que as bocas ávidas de vida mordem, são os olhares sob as felizes pálpebras cerradas, são os odores libertados pela pele na pele, são os sabores que a sudação segrega nos palatos, são as valsas que os sôfregos sentidos dançam, são as cores quentes que denunciam o mais secreto dos segredos, são os calores ardentes que são sedentos de água que os arrefeçam e o desejo pode começar e terminar com um beijo…
DIZ, APENAS, QUE ME AMAS! Não quero que me digas quem és, não quero que me digas por que me queres, nem que me contes todos os teus segredos… nada do que para trás te aconteceu irá criar em mim receios e medos nem fará, de tudo o que é teu, algo meu…
Deixa-me ser eu a tentar descobrir quais são as maravilhas que te fazem sorrir ou as tristezas que te obrigam a chorar, qual o lado da cama onde preferes adormecer, quais são as poesias que tu gostas de ler, que partes do teu corpo proíbes o Sol de ver, porque cerras, meiga, os olhos em noites de luar e te deixas enlear pela melodia de um saxofone ou absorves um Nocturno sem lhe saber o nome…
Deixa-me ler-te como a um poema de Neruda, imbuir-me na paz que a tua alma desnuda, perceber os teus sinais, apreciar a roupa que vistas, tudo o que te dá prazer e acende em ti o lume, os livros, as flores, o chocolate e o perfume, as alergias, os odores, o palato e outras pistas.
Torna-te o todo do meu mais difícil desafio, aguça-me a curiosidade, como uma charada, permite-me percorrer-te de fio a pavio e seres a luz salvadora da minha jornada. Deixa-me ser eu a tentar conquistar-te! Deixa-me ser eu a conseguir revelar-te, numa demanda pacificadora, sem data nem fim, sendo tu o eterno enigma, sendo tu de mim!
Quero descobrir o mais sensível na tua pele, com que pólen desejas que eu te transforme em mel, de que forma te incendeias, como o preferes, com que fogo ardente, com que imensas chamas!...
Diz, apenas, que me queres! Diz, apenas, que me amas!
PROFANA PRECE Religiosamente, coloco a tua fotografia diante dos meus olhos, como uma santa, e venero as tuas formas sensuais e gestos lânguidos de mulher e, num descontrolado fervor, encosto os meus lábios ao teu corpo e profano o teu ventre, como um louco pecador, desenhando, com a humidade da minha boca, os traços do meu desejo! Religiosamente, rezo orações que falam dos momentos mais sublimes da existência de nós os dois, blasfemo palavras que gostas de ouvir, no chão por onde rolamos os corpos, e ergo uma prece de gratidão por não seres santa, por seres, apenas e tão, mulher! Religiosamente, beijo a tua fotografia com malícia e passo os meus dedos, numa carícia, pela película fria e brilhante que me faz sentir-te tão distante, como uma santa ... a quem eu amo e quero e que posou, eroticamente, para mim, numa praia qualquer do inferno!
POEMA PARA CINCO MINUTOS DE VISTA E aquela menina falava e dizia palavras tão simples e singelas que eu ouvia mas quase não entendia como era possível ela tanto saber sem que os seus olhos soubessem ver! Afinal, era apenas eu quem não via…
Qual a cor a que uma laranja dá o gosto? Como seria a beleza que a mãe tinha no rosto? Como eram as paredes do quarto onde dormia? Qual o brilho da Lua, enquanto adormecia? Como seria o ovo, a larva, a pupa e a mariposa? Queria, um dia, ver uma noiva linda e formosa!
E de seus olhos saía água, sonhos e brilho e sorria doces emoções em rendilhado estribilho afirmando que o impossível era apenas o exagero daquilo que todos achamos ser muito difícil e eu senti-me reduzido a um quase inútil zero quando ela pediu o desejo, de forma tão simplista, de ter direito a uns cinco minutos de vida na vista!
E a Ti, Ser único, Excelso e Todo Poderoso, Ser muito mais do que maravilhoso, sejas Tu quem eu não sei, mas sei que és, imploro humildemente a Teus pés que tires cinco anos à minha vida pequenina, os transformes em imensos outros dez e dês vida merecida aos olhos dessa menina!
O poema de hoje é sobre uma menina invisual, cega, que enfrenta a vida de uma forma que é um exemplo para todos os que acham que são infelizes! Vejam o video da reportagem sobre crianças cegas, onde está Maya Al-Kadri. Obrigado
Assim que chegava perto da porta de entrada da casa, empurrava-a e ela cedia, como se já esperasse por ele, dócil e acolhedora amiga. Nunca se sabia se ele lhe
ficava grato ou não, mas entrava de rompante na casa que, também ela, se tornava anfitriã e caixa-forte das suas vontades e desejos. Invadia-a, corria-a como um rio e desaguava sempre onde se
encontrava a deusa da sua vida! Entusiasmado, tinha que se obrigar a estancar os passos e ali ficava parado, hirto, quase marcial, expectante, produzindo alguns sons em rituais rotineiros como se
quisesse que ela lhe desse atenção, olhasse para ele e o perdoasse por ser tão impetuoso…! A sua musa, a sua tudo, já tinha sentido a sua presença mas também esperava, desnecessariamente, ela sabia, que um dia ele se dignasse a dar-lhe atenção, a ela que
nunca negara essa deferência, a ele que sempre a tivera. Mas, de costas, para ele, ela apenas sorria, adivinhando-lhe a ansiedade e fazendo a espera acontecer. Na cozinha, onde se encontravam quase sempre à mesma hora, o aroma culinário desprendia-se em fumegante dança, inebriando os mais sensíveis sentidos, Nesse ambiente
idílico, ali estavam os dois, agora olhando um para o outro, olhos nos olhos, sem nada dizerem, apesar do tanto que haveria para falar. Sabiam de tudo isto, pelo olhar reprovador daquele ser
quase divino, a ele dirigido e, também, pelo próprio olhar dele, que sentia que o mundo poderia acabar a qualquer momento e, assim, não se atrevia a fazer fosse o que fosse. Baixava os olhos, de
vez em quando mas, como ser eternamente esperançado, retornava o olhar para ela quase implorando perdão e o ciclo recomeçava. Depois de algum tempo, envolvidos pelos agradáveis temperos que as partículas de água vaporizadas espalhavam por toda a casa agora, ela aceitava-o em seus braços
abertos, como uma mãe feliz que tudo perdoa! E ele não se fazia rogado! Corria-lhe para os braços e encostavam respiração a respiração, transferindo felicidade e paz, de um para o
outro! Sabiam um do outro como ninguém! Conheciam-se melhor do que qualquer outro amigo ou familiar e eram companheiros um do outro, até que a vida os separasse! Viviam
felizes! O abraço durava uma eternidade de momentos ternos, partilhada a dois e apenas terminava para que os dois provassem daquela maravilhosa iguaria que as panelas e os
tachos guardavam como tesouros de alquimistas, a partir de receitas zelosamente guardadas pelos melhores alfarrabistas, sagrados e únicos, apenas deles! Geralmente, esta prova não durava muito tempo… afinal, era apenas para degustar e entender se tudo estaria na conta certa! Apenas o tempo suficiente para se
preparar a mesa para a refeição principal, para o jantar, e para guarnecer os pratos de cada um. Aqueles momentos de repasto eram religiosamente vividos em silêncio respeitoso, até que ele voltava a impacientar-se, como se se enervasse, ou a sua forma de ser o
impelisse a ausentar-se da refeição e saísse para a rua, deixando-a de novo órfã dele… ela não gostava muito que aquilo acontecesse mas respeitava-o e percebia que teriam que haver razões que o
levavam a agir daquela forma. Permitiam-se, estas idas e voltas, estas chegadas e partidas, estas solidões temporárias, sabendo que um sem o outro não sabiam viver e todos estes sobressaltos
nada tinham de importante na sua relação e eram assim compreendidos, respeitados e até desejados. Dir-se-ia que era mesmo assim que eles sabiam que teriam que viver. No aconchego das diferenças
entre eles, sentiam que ficavam mais fortes e próximos do que antes! Ela, a deusa do lar, a fada única daquele castelo, lá ficava lavando a loiça, arrumando a mesa e o resto que havia para fazer em casa, entremeando tudo com a
atenção fugidia que ia dando à novela que corria na televisão àquela hora. Quanto a ele, lá saía para o mundo, liberto de correntes, livre, eufórico e de barriga cheia! Ia encontrando amigos e amigas com quem se relacionava em calorosas
trocas de ideias, até mesmo junto à casa! Ela ouvia-o, de vez em quando, e sorria conhecedora do génio do seu companheiro. Sem falhar, com o relógio biológico acertado como um aparelho de precisão suíço, à mesma hora, todas as santas noites, assim que ela ficava despachada das lides
domésticas, ele devia chegar à conclusão de que ambos precisavam, de novo, um do outro e retornava. A cena repetia-se e a porta entreaberta mostrava-se sempre amiga e recebia-o. Ele, então, entrava, já menos alvoraçado e seguia o rasto da luz acesa na sala de
estar, onde a televisão já passava outra novela e a sua querida o esperava, sorridente, sentada no sofá. Ele, novamente, não se fazia rogado e aceitava os braços acolhedores, abertos, de par em par e tão convidativos, como a porta de entrada da casa sempre o era.
Saltava para o sofá, ao lado da dona, bem encostadinhos, e adormeciam os dois, até começar uma terceira novela… depois, a noite, a profunda noite, acolhia os dois amigos e
companheiros. – Até amanhã, meu amigo! – despedia-se a sua tudo. E, no tapete do quarto ficava ele aninhado, olhando por ela e para ela, enquanto ela abraçava o vazio da
cama, para ele sorria e assim adormecia…
PARA O DIA DOS PAIS, NO BRASIL! Vinhas como nunca vieste, sereno, tranquilo e imponente, e fazias o que nunca fizeste, abrindo os teus braços fortes acolhias-me em fortes abraços, de uma forma tão quente que hoje ainda sinto esses laços!
Vinhas como não vens, olhando-me e sorrindo, com um conselho que não tens, sempre amigo, sempre ouvindo e eu era o menino mais feliz e, em cristal, assim me fiz!
Após tanto tempo, ainda sou filho, mas a vida passa, o tempo vai, e tento manter o brilho do teu trilho! Que saudades de ti, meu Pai!
Esta publicação é dirigida em especial a todos os brasileiros, uma vez que hoje se comemora o Dia dos Pais no Brasil mas é extensível a todos os pais e a todos os
filhos! Agradeço a imagem que +Maria Isilda Ribeiro DIASme concedeu!
SENTI CHEGARES... Senti chegares como foco negro numa abóbada luminosa, silencioso mas célere, invisível mas cruel, estúpido e sem graça!
Senti chegares sem conseguir evitar a tua chegada, apesar de ter lutado, apesar de ter evitado abrir as portas que dão acesso à transparência dos meus sentidos!
Porque vieste? porque voltaste a atormentar-me? Que razões encontraste? Que despojos pretendes de mim?
Senti chegares e apoderares-te do meu vulnerável interior para o lançares às sementes vis que na insidia me ofereces, qual verme que rói, corrói e apodrece o fruto!
Senti chegares e ficares a sorrir da minha fraqueza em te deixar dominar os meus gestos, como uma simples marioneta, sentindo-me fugir de mim próprio!
Senti chegares e trazeres contigo o gosto mortal de um cálice com vinho envenenado que eu pretendo nunca beber, por muitas mais vezes que mo ofereças, nas muitas mais vezes que vou sentir-te chegar sem que vá conseguir, eu sei, a tua chegada evitar!
Senti chegares queimando como lume, querendo devorar-me a alma, ciúme!
ARTESÃ A artesã faz arte sã, desde cedo, pela manhã.
Na casa, aroma de hortelã, na mesa, espera uma maçã… rosada como uma romã, inventa corações de glicerina e sabonetes cor de hemoglobina, e, porque tudo só faz sentido se for sentido, tudo o que faz lhe é querido!
Vive na Fé, em sua Fé, o corpo em pé e a alma na Nazaré.
Enquanto a vida se faz maré das suas mãos sai a beleza, da sua boca solta-se a infância num conto de quem conta a felicidade com elegância, e no olhar em plácido repouso nuvens brancas em suave fragrância adocicam o momento que se faz e que suas mãos transformam em Paz!…
Este poema é uma homenagem amiga a uma amiga,+Liani Rossi! Também é um poema dedicado a todos e a todas as pessoas que trabalham e são artistas naquilo que
fazem! Obrigado, pela sua Amizade!
HOJE, SEREI EU O TEU SILÊNCIO... Silêncio… sentir-te neste momento tão inesperado, sem que eu me sinta triste, só ou desolado…
saber-te a querer um cais onde possas aproar e prender amarras, vindo e estando tão tímido, não ficando dilacerando, apenas passando e afagando, suavemente, fazendo parte de mim…
silêncio tão meu, sempre que em ti me abandono quando por ti espero ou procuro e, em ti, me reencontro
mas , hoje, não… sei-te junto a mim mas deixas-te aqui ficar como quem espera atenção, sem ter que a pedir. Sinto que hoje és tu que me procuras, que hoje sou eu quem te conforta e faço companhia…
contemplo-te e és meu céu, diz tudo aquilo que tens para falar, para comigo desabafar… hoje, o silêncio serei eu…
fica aqui a meu lado todo o tempo que quiseres e desfruta de mim, confia em mim, como a minha alma em ti confia, e faz como eu sempre faço, transborda toda a tua melancolia para o meu regaço…
abraça o meu abraço e deixemo-nos assim ficar. até levantares amarras para aproares, de novo, ao mar…!
SILVESTRE AMOR Colho-te fruto em silvestre amor… beijo-te amora no hiato que demora o fruto a colher, nos dedos tintados, de entrededos te ter, em escarlate suados, com o suco a escorrer que depois vou sorver…
Amor, amora, aqui e agora, fruto que o olhar namora desde o amanhecer até outro dia nascer, deixa-te acontecer…
Assim, ternamente... As minhas primeiras vezes começaram contigo, meu amor amigo, meu amor de sempre, amor antigo, como se sempre tivéssemos existido!
Foi contigo que gritei revoltas e raiva contida nos dedos que abraçavam um nada contido!
Foi contigo a primeira vez que afastei o postigo e abri janelas fechadas há muito no meu defunto mundo!
E foi contigo que ressuscitei sem ter morrido e me entreguei, e me libertei para a verdade de um amor sem grades, de um amor desejado, amado e de sempre, como se sempre nos tivéssemos amado, assim, ternamente..
QUERO-TE ASSIM COMO ÉS... Faz-me sentir rei, sem reino nem coroa, rei sem corte, nem castelo, nem joias, vivendo apenas a solidão que tanto magoa, basta que me queiras e queiras ser minha, tão somente e apenas a minha rainha…
Sê a doce ilusão chamada Dulcineia, renova a vida deste sonhador olhar e recebe, como tua, minha alma plebeia. Seduz-me Dom Quixote, altivo cavaleiro, e torna-me teu fiel e eterno escudeiro…
Recebe-me na tua família Capuleto e permite-me chamar-te terna Julieta vivendo maravilhado, o teu predileto, encostando o meu lindo sonho ao teu, sentindo o teu desejo chamar-me Romeu…
E se, fazer feliz, ninguém na vida te fez, oferendo nas tuas puras mãos a minha vida e apresento-me fidelíssimo Pedro, a ti Inês! Vive a minha vida como melhor quiseres, pois sei que te quero, sabendo que me queres…
Pouco me interessa o nome que tu tens, indiferente às riquezas ou moinho de vento, de nada conta o lugar de onde vens, quero-te como só alguém que ama quer, num querer que te ama como mulher!
QUANDO ELA SE APROXIMA... ...quando ela se aproxima de mim e me olha nervosa, apaixonada e divertida, e afaga meigamente a minha barba crescida, e enrola, como serpentes, os seus braços no meu pescoço, e morde e beija, com uma sábia loucura, uma terna e doce ternura, a minha ansiosa e sequiosa boca, ninguém, nem mais nada, existe nesse momento... ...quando ela se aproxima de mim o metrónomo para, a cena para, a tela dilui e tornamo-nos intérpretes de um filme que flui em câmara lenta, au rallenti, e ludibriamos o tempo e o espaço que se tornam nossos na cumplicidade de um caloroso e infinito abraço, onde apenas tem lugar a nossa felicidade! ...quando ela se aproxima de mim eu sinto ânsias e desejo-a como um animal e transporto o seu corpo pelo ar, suavemente, e amo-a, como amaria a liberdade se fosse um marginal, e ela ama-me e oiço palavras que não diz nas unhas cravadas na minha carne carente!... Quando ela se aproxima de mim, sabem, eu sou feliz !!!
PARTI, EM BUSCA DAS MANHÃS, AMOR... Parti em busca das manhãs, amor, pois nunca antes descobrira em que ponto cardeal dos meus olhos nascia o Sol, pois nunca antes vira qual a fronteira que nos separa a noite do dia.
Parti em busca das manhãs, amor, pois nunca antes ouvira a sinfonia apelativa do canto das gaivotas sobre as areias das praias, pois nunca antes admirara o feitiço que o mar encerra em si quando o dia acorda sonolento.
Parti em busca das manhãs, amor, pois nunca antes sentira a magia e a beleza irradiadas pela Lua ao se despedir da noite, pois nunca antes pretendera saber de que pontos do Universo nos observam as constelações estrelares.
Parti em busca das manhãs, amor, pois nunca antes necessitara de falar às estrelas, à Lua, ao Sol, às aves, ao mar, enfim, ao muito teu Universo.
Parti em busca das manhãs, amor, como quem vai à procura de si próprio, pretendendo, muito antes de me encontrar, conhecer os seres que habitam as manhãs, descobrir conchas com pessoas lá dentro, saber qual o significado da vida, desvendar o segredo da feliz convivência, fazer-me parte da majestade do Amor, libertar corpos acorrentados às perguntas, e, assim, repousar a cabeça e contemplar o Mundo e sentir-me em plena harmonia com o coração do imenso Cosmos, e contigo a meu lado, de mãos dadas, amor, caminhando pelas praias nuas, pelas manhãs, deixando gravado na areia o rasto dos nossos passos…
O NOSSO SONO... O teu sono deve andar de mãos dadas com o meu, algures pendurados num cometa, entre o mar e o céu, ou perdidos numa praia secreta onde apenas eles sabem onde fica...
serenos e cúmplices, comparsas e companheiros, poetas e marinheiros, insones, não dormem, apenas vagueiam, entremeiam conversas e temas sem grades nem algemas, vogam nas ondas da noite e acordados sonham que o dia de amanhã não terá uma manhã…
assim que o Sol desperta sonolentos regressam a casa, ao corpo que serve de coberta e ao sangue que os abrasa...
o teu sono e o meu pela noite fazem-se evadidos para um sonho que é seu e regressam de dia adormecendo os sentidos em letárgica e suave magia!
COMO SE ESPERASSES POR MIM... Apreciando as formas voluptuosas das tuas costas, acerco-me de ti, como se já esperasses por mim, com ternura, suavemente, num deleite sem fim, mas tu recebes-me quase indiferente, majestosa, estática, quase imperial, diria mesmo, algo fria, mas tão feminina e tão sensual que eu senti que em gelo fervia!
Não resistindo a tamanha tentação, encosto-me a ti, como se já esperasses por mim, e com ternura, suavemente, sentindo-me sendo o teu delfim, sigo o desenho das curvas lentamente enquanto cerro os olhos, doce pecado, esperando que nunca impeças os meus dedos em rendilhado bordado ansiarem que de prazer estremeças!
Por fim, numa ansiedade e abandono total entrego-me a ti, como se já esperasses por mim, e com ternura, suavemente, volto a minha frente para a tua frente e possuo-te sentando-me como num selim acariciando as tuas costas com as mãos e a cabeça encostada ao teu peito enquanto os meus dedos artesãos não encontram em ti nenhum defeito!
Amiga, amada, doce companheira, onde descanso o meu dócil corpo, tão cansado da viagem, quase morto, não me abandones, querida cadeira!
POEMINHA DOS DOIS... Tu e eu, apenas os dois… crente e ateu, ilha e ilhéu, frio e calor, terra e flor, pólen e mel pelo e pele, estrela e planeta, arco e seta, oceano e continente, nunca e sempre, antes e depois, mar e céu, apenas os dois… tu e eu!
VIVES OS TEUS DIAS, COMO UM VULCÃO... Vives os teus dias da mesma forma como sentes o sangue a percorrer as veias, sem defesas nem ameias, numa pressa desmedida numa doida correria em vão percorrendo o mesmo ciclo de vida, enquanto ardes em paixão e te consomes ferida...
Vives os teus dias com a alma fundida em magma ardente, numa actividade sempre crescente, Vesúvio em constante erupção expeles lava como forma de amor danificando o teu coração e queimando tudo em redor, em momentos de desenfreada loucura que dura o que uma eternidade dura…
Vives os teus dias como se esses dias já não existissem… Deixa os dias acontecerem, deixa os acasos florescerem, permite que as horas sejam sempre sequências de sessenta minutos e que cada segundo tenha o sabor de cada segundo... faz da paz a tua serena matriz e talvez assim poderás um dia ser feliz!
DESCULPA... Falei... desculpa ter falado! Disse coisas sem sentido para ti...? desculpa ter dito! Zanguei-me... desculpa ter-me zangado! Senti frieza em ti... desculpa ter sentido! Adormeci... desculpa não te ter esperado! Acordei... desculpa não te ter chamado! Desculpei...? desculpa não ter desculpado! Errei...? desculpa ter errado!
SE EU TE OFERECER UMA FLOR... Se eu te oferecer uma flor vais fingir que não sentes a dor que deveras sentes e sorris para mim como se fosse a primeira vez que me vês, como se o teu olhar se deixasse enfeitiçar, não por mim, nem pelo meu canino olhar, mas sim e tão-só pela flor…?
Vais passar a mão pelo cabelo, num gesto tão descuidado quanto nervoso e belo, despenteando o penteado, e vendo-me como um príncipe formoso, aquele que apenas existiu nas promessas que nunca cumpriu, nos sonhos que inventou e onde apenas um de nós se fez voo…?
Vais rodar distraída os anéis e fazer de conta que contas as contas do teu colar, enquanto desfias amarguras nas frias e marciais ternuras que habitam os teus frios dias e que desafias a serem melodias num drama de não merecias…?
O que vais tu fazer? Que palavras não me vais dizer? Com que indiferença me vais bater? Com que raiva, com que ardor tu me vais receber se eu te oferecer uma flor?
Faz um último favor… Com uma das mãos, diz-me adeus e recebe a flor, com a outra mão, aceitando o gesto com o resto do teu amor e entende-o como um pedido de perdão, se eu um dia te oferecer uma flor…
O TEU PERFUME O teu perfume está espalhado por todo o lado, e, por todo o lado, eu o persigo, eu o percorro como se fosse um cachorro…
Não desespero, apenas espero o momento de chegares, de me abraçares, de afagares o meu cabelo, e te entregares, e me amares… compensares por ter acreditado que o perfume espalhado foi propositado para eu não me sentir só, enquanto não chegasses e me abraçasses…
Mas o perfume, desvanecendo, vai sendo memória, vai fenecendo e eu já não o percorro, nem sei se morro mas, como se fosse um cachorro, espero que o perfume nunca entristeça, ansiando que a espera não envelheça!
Vou esperando, esperançado que o perfume não desfaleça, e que, entretanto, tu chegues e me abraces e afagues o cabelo, te entregues e me ames, para que eu volte a acreditar que o perfume que espalhas pelo ar seja para me acompanhares e, na tua ausência, não te ausentares…
AMIGA, ÁRIDA DE FELICIDADE Tu que bebes a sede que te mata com o vazio de felicidade e secas a boca com palavras áridas nessa tua travessia pela vida, como se atravessasses um cálido deserto, esperando a cada miragem encontrar o oásis imaginado onde encontrarás sonhos plantados que, à luz forte do Sol, finalmente te darão felicidade na sombra dos planos que te levaram ali!
Nesse dia, sedenta e árida, tenta não beberes tudo de uma só vez, nem derrames uma única gota que os teus lábios não saibam ou ansiosos não consigam suster, prova a felicidade, saboreia-a, gole a gole, trago a trago, suavemente escorrendo pela alma e desfruta do tempo que a tens contigo, minha amiga.
Delicia-te maravilhada com a dádiva do momento, como uma oferenda dos deuses que fazem as noites e os dias, os mesmos que permitem que sejas agora feliz pois, tal como a bebes agora, podes dela sentir saudades novamente de uma forma fria e breve…
E se, de novo, a sede voltar, nunca deixes de a felicidade buscar, na aridez dos dias que se fazem séculos e que te queimam os olhos secos, recomeça a dura caminhada, parte na procura de outras miragens pois numa delas poderá estar um novo oásis!
NO REINO DAS COISAS SIMPLES Nos dias que vestem o tempo, nos acasos que vestem os dias, no reino das coisas simples, existem os mais belos e simples seres…
e nem eles são belos por serem simples, nem eles são simples por serem belos…
UMA HISTÓRIA FELIZ Os amigos de um diziam “sim”, do outro diziam “não”… a família de um dizia “talvez sim” e a do outro dizia “talvez não”… e, assim, eles ficaram frente-a-frente, ao dilema indiferentes e, os dois, disseram “sim” e, os dois, juraram “sim”!
Então, os amigos do “sim”, dizem “não”, os amigos do “não”, dizem “sim”, a família de um agora diz “não” e, a do outro, diz agora “sim” e, assim, eles estão de costas voltadas, confusos nas promessas juradas e, os dois, dizem “nim” e, os dois, juram não ficar assim…
Finalmente, aos amigos de um juntam-se os amigos do outro, à família de um junta-se a família do outro, e, assim, a favor do valor da união todos se convidaram para um festim… nenhum deles disse “não” e o par amado novamente disse “sim”!
OLHAVA AS MANHÃS... Olhava as manhãs com os olhos de quem não conhece as noites, de quem se fizera estranho de auroras em alvoroço, surpreendido com tanta vida, com tanta luz e cor com que as manhãs se vestiam e surpreso consigo mesmo, pela ainda capacidade em se surpreender com as mais simples coisas com que a vida se descobria na sua frente…
Olhava as manhãs sem conseguir entender em que parte do dia elas terminariam a sua missão e qual seria a razão para que tivessem que terminar, para que se metamorfoseassem, no dealbar da idade, num tempo chamado tarde.
Olhava as manhãs com os olhos de quem se descobria, em cada alvorada que amanhecia…
BOA-NOITE, AMOR! O dia cerra as pálpebras sobre nós permitindo melhor apreciar as estrelas, e oferendando a visão única que apenas a noite pode vestir, um manto terno, misterioso e protetor, que roça de leve na nossa imaginação, altera a velocidade do ritmo do coração e humedece de suor a nossa pele, enquanto os dois ansiamos a sua chegada, pálpebras cerradas e a face maravilhada!
Abraçamo-nos e, cúmplices, sorrimos, calmos e ansiosos no mesmo tempo, e entramos aconchegados noite dentro, bebendo o som que um violoncelo solta, enquanto um fado tinto escorre líquido pelo bocal aberto de uma taça generosa. As roupas ganham vida própria e abandonam os nossos corpos ardentes, espalhando-se pelo chão da casa, como sinais da necessidade erótica com que respiramos os momentos!
Quando reabrimos as persianas do olhar, já o mapa estrelar não está na mesma posição e a Lua brinca às escondidas connosco, escondendo sempre o seu lado negro, e descontraímos os músculos e os sentidos nos corpos que em repouso se diluem no chão e que, quase líquidos, esperam novo e fresco alvor…
Olhamo-nos, sorrimos e saudamo-nos: – Boa-noite, amor!
POR QUE ME OLHAS, ASSIM...? Por que olhas para mim como se eu fosse apenas aquilo que vês, com um trejeito tão indiferente, apenas preocupada com o teu vestuário como se eu fosse um ingrediente exposto num mostruário no meio de milhentos outros alinhados de forma perfeita por onde passas o distraído olhar absorta com a receita que vais cozinhar ao jantar?
Por que olhas para mim como se eu não existisse quando regas as flores do jardim, as benditas que o tempo bendisse, como se eu fosse um protozoário inexistente aos teus sentidos contido apenas no imaginário dos documentários preferidos aqueles que te fazem adormecer no princípio da noite, abandonada, e que na dúvida entre ler e não ler preferes abandonar o corpo, cansada?
Por que me olhas não me vendo, fazendo-me sentir o centro de nada, sendo um nada, alguma coisa sendo, tu que tens o toque de uma fada bastaria espalhares pós de magia para cima da minha carapaça ansiosa para me transbordar em suave poesia ou me transformar em rica prosa, pronto a ser amado e declamado em teus braços ser docemente querido em saraus e serões ser recitado e à noite meu nome em ti ser gemido?
Por que me olhas assim? Por que te entregas à incerteza, quando posso ser o teu delfim e tu a minha querida princesa!!!
SOU TEU - Livro de minha autoria (Vitor.C) Começo hoje a divulgação da publicação do meu primeiro livro, com o
título SOU TEU. A Chiado Editora, em ligação com a Livraria Cultura e a Livraria Saraiva, no Brasil, é a editora que acreditou no
meu trabalho! Ainda sem data fixa, está previsto para meio deste mês de Setembro! Assim que tiver certezas, comunicarei! "Sou teu, como sempre fui e como sempre serei, dê a vida as voltas que der, aconteça o que acontecer, é em ti que eu ficarei e o meu coração fica rei em ti, enquanto o teu quiser!"
TUDO ME OFERECESTE! Ofereceste-me tudo quanto tinhas, tudo aquilo que viajava contigo e te desequilibrava a jornada… sei-me um viajante agradecido, por que razão iria eu sentir-me desafortunado? Nada mais possuías nos teus bornais quando nos conhecemos e nada mais tinhas para dar quando nos despedimos, creio até que ficaste vazia desses teus tesouros sofridos… Tudo! Com esse teu tudo eu fiquei!...
Fiquei com a dor do abandono, com a raiva rangendo os dentes, com a tristeza tingindo a alma, com a angústia de uma doentia saudade, com a agonia da perda, com a vertigem da queda, com o vazio da derrota, com o acre do engano, com o medo do futuro, com a nostalgia do passado!
Tudo isso era teu e tudo isso me deste! Tu, generosa, claro! Eu… crente e generoso, também claro! Espero que me tenhas tudo dado, mas mesmo tudo, isso que era teu e que com nada tenhas ficado para oferecer a mais alguém… para o mal e para o bem, serei eu o herdeiro desses teus bens!
Fiquei, assim, rico de nada e tu pobre de tudo… sê feliz e segue viagem mas, se mais tarde me reencontrares, aceita o conselho de alguém cheio de nada e desvia-te do meu caminho, pois fica sabendo que tudo o que tenho, que com tanto prazer me entregaste, tudo aquilo que comigo viajar e me desequilibrar a jornada, te tentarei devolver fazendo de ti a herdeira das próprias chagas!
IMAGINA Imagina… o ar que respiras transportar corpúsculos meus e o cheiro da minha pele infiltrar-se nas tuas narinas, enquanto eu te imagino inebriares-te, embriagares-te de mim e ansiares que a imaginação possa ser pura realidade…
Imagina… ouvires o eco de palavras que já foram ditas muito antes de nós e saboreares ser eu a dizê-las, enquanto eu te imagino deliciares-te, fantasiares com a minha voz e esperares ouvir-me chegar no abrir da fechadura da porta…
Imagina-me… abraçar-te, cobrir-te como um lençol, descobrir-te aos meus olhos, amar-te!...
A COR DOS TEUS SONHOS... Disseste-me que pintavas os teus sonhos com a tinta das latas que restaram de quando colorias os momentos mais felizes da tua existência… Prometeste-me que um dia me dirias a cor dos teus sonhos, juraste que me contarias e eu descansei na minha espera, com um sorriso cor de quimera brilhando no castanho dos meus olhos, na felicidade do meu ser criança!
Disseste-me que pintavas os teus sonhos e que guardarias esse segredo para mim e eu esperei, na minha esperança, com um sorriso suavizado em carmim, bailando na ansiedade da minha bonança e convidando a minha alma para uma dança…
Juraste que me contarias um dia, mas o tempo fez de conta que não ouvia e a tinta certamente desapareceu, descoloriu, da quimera que sempre crente anoitecia e que se fez flor que em mim não abriu e, por fim, a espera desiludida desistiu…
Será que ainda pintas os teus sonhos? Será que ainda juras que um dia dirás? Pintas com tinta e sobrepões aguarrás? Quantos como eu estarão esperando sofridos?
Os meus sonhos viveram docemente coloridos com a cor que imaginava pintada nos teus, e agora apenas tento imaginar a cor dos céus como sendo a cor linda dos sonhos meus!
EM PRINCÍPIO... Em princípio, aquele dia podia considerar-se igual aos outros dias, fosse aquele que fosse, o prisma a ser utilizado… continuavam existindo animais vertebrados e, outros, invertebrados… coexistiam mar, terra e ar e sementes de violência a brotar com alguns oásis de paz a suavizar… Em tudo isto, nada de novo a registar!
Realmente, aquele dia em nada era diferente dos outros dias… a meteorologia voltara a falhar, os pássaros teimaram em voar e as pessoas continuaram a bestificarem-se, dentro da pequenez de simples mortais!
Em princípio, aquele dia em nada iria ser gratificante ao quadrante esférico do meu olhar, não fora o nascimento de um novo Sol na textura cutânea do meu Universo singular! Mais importante do que o cometa Halley, diferente de qualquer tipo de estrela, ali estava só para mim, a pessoa mais terna e bela, oferecendo-me confiante a sua mão e modificando o sentido daquele dia que nada nem ninguém previa ser tão diferente de qualquer dos outros dias!...
Em princípio, aquele dia seria igual a todos os dias, mas tu deste-lhe um sentido, tu deste-me vida…
NASCER POR TI De mim, pouco sei ... para além do trajecto irregular e obrigatório por uma vida que ainda não sei definir, com um ponto de paragem, também, obrigatório em local e tempo desconhecidos, ainda. De mim, realmente, pouco sei, mas, o pouco que de mim sei, é tudo o que sempre procurei saber… Sei que fui gerado e repelido e que cresci e que nunca, já antes, alguém nasceu tão depois de ter nascido, como eu nasci por ti !!!
APENAS MAIS UM... Já não ficas com o corpo a ferver e dos teus olhos perdi o brilho… os teus joelhos não voltaram a tremer e o traçado nervoso do teu queixo, decidido, desapareceu também… já não guardas algum tempo para mim, perdeste o gosto de me dizer sim e remeteste a paixão para além do Além!
Deixei de ser aquele que dizias teu e passei a ser unicamente eu. Agora, sou apenas parte do comum… agora, sou apenas mais um… aquele que se dilui na multidão, que se confunde com as sombras no chão, o que desaparece sem que ninguém se aperceba que ali esteve antes, mas que nas suas rudes mãos tem gestos puros e generosos como diamantes!
Já não ficas como sempre ficavas e, mesmo que por perto de mim estejas, sei bem que já aqui não estás… as tuas palavras queimam como lava, a tua flor preferida deixou de ser o lilás e tudo aquilo que eu fizer ou disser será sempre algo para negar ou desfazer, antes de o ponteiro dos segundos perfazer uma volta inteira ao teu mundo e eu mergulhar bem fundo no frio da tua presença sempre ausente, no quente que essa ausência se faz presente!
Já não és quem eras e eu também já não o sou… quem sabe se um dia não voaremos, de novo, o mesmo ousado voo! Quem sabe se um dia, de novo, seremos!
ALMA DE POETA Hoje, tenho o prazer de apresentar uma poetisa brasileira +LUCÍ SERENA SIMPLES ASSIM! Agradeço que todos os encómios lhe sejam
endereçados! Grato, a todos os meus amigos!
Uma alma de poeta ama diferente. Um poeta quando ama sente.
Sente quando o outro sofre, Sente quando o outro suspira, Sente quando o outro ama outro, Sente quando ao outro perde.
Um poeta sente por onde anda, sintoniza seu pensamento ao outro, Um poeta perde muitos amores para ter a chance de se encontrar com seu amor de alma.
Um poeta se perde no caminho, mas é apenas para mudar o destino; Um poeta volta ao passado para mudar o futuro; Um poeta vive de poesia, mas altera as leis da física.
Um poeta se joga no mundo, sai de si e viaja pelo pensamento do outro tentando entender porque os caminhos diferentes demoram tanto a acontecer.
Um poeta dança em meio ao palco da vida, se lança no mar azul, pega ondas no oceano, faz borboletas virarem fadas e uma simples flor do campo
florescer.
Um poeta não usa tecnologia fala por poesia, a ligação é feita na alma, não há fios nem linhas, Um poeta vê com os olhos, enxerga com o coração e marca um encontro com a emoção. A conexão é feita na mente, se expressa na letra e transborda na gente.
Um poeta ouve a música, sente os acordes, o coração dispara e as coisas fazem sentido.
Meu poeta, a sincronicidade da melodia me mostrou o copo d'agua na mão daquela bela moça que...
Autora: Lucí Serena Simples Assim Imagem: Internet