Coletânea das poesias publicadas por Vítor Costeira em seu perfil pessoal Facebook.

SE EU TE OFERECER UMA FLOR... (re-publicação)
Se eu te oferecer uma flor
vais fingir que não sentes a dor
que deveras sentes
e sorris para mim
como se fosse a primeira vez
que me vês,
como se o teu olhar
se deixasse enfeitiçar,
não por mim,
nem pelo meu canino olhar,
mas sim e tão-só pela flor…?

Vais passar a mão pelo cabelo,
num gesto tão descuidado
quanto nervoso e belo,
despenteando o penteado,
e vendo-me como um príncipe formoso,
aquele que apenas existiu
nas promessas que nunca cumpriu,
nos sonhos que inventou
e onde apenas um de nós se fez voo…?

Vais rodar distraída os anéis
e fazer de conta
que contas as contas do teu colar,
enquanto desfias amarguras
nas frias e marciais ternuras
que habitam os teus frios dias
e que desafias a serem melodias
num drama de não merecias…?

O que vais tu fazer?
Que palavras não me vais dizer?
Com que indiferença me vais bater?
Com que raiva, com que ardor
tu me vais receber
se eu te oferecer uma flor?

Faz um último favor…
Com uma das mãos, diz-me adeus
e recebe a flor, com a outra mão,
aceitando o gesto com o resto do teu amor
e entende-o como um pedido de perdão,
se eu um dia te oferecer uma flor…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

O AMOR FAZ-TE AINDA MAIS LINDA 
Qual moça namoradeira,
sorridente e prazenteira,
a felicidade assoma-se à janela da tua alma
contando incontida
uma história sentida,
cantando e encantando,
querendo ser vida,
degustada, saboreada e servida,
rebrilhando-te o olhar,
corando as maçãs do teu rosto
como vermelhos cravos,
e desenhando um doce sorriso
que nenhum pintor sabe descrever
nem algum poeta se atreve a pintar…

… e o sorriso, atrevido e sorrateiro,
como moço alcoviteiro,
desvenda o teu segredo,
desenrola o novelo dos sonhos suaves
do teu mais belo credo,
como o planar tranquilo das aves
rumando ao finito do infinito do humano imaginar,
em bruxuleantes e ardentes fogueiras
soletrando em fagulhas o verbo amar…

… e um novo e tranquilo brilho
desponta no hemisfério esférico do olhar,
como quem olha os primeiros passos de um filho
e, no murmúrio de um delicioso respirar,
aos céus agradece e brinda!

O Amor, amor, faz-te ainda mais linda!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

RECORDAR TAMBÉM É VIVER...
No seu quarto modesto, 
solitária no solidário escuro,
num puro e simples gesto
um pouco inseguro,
trémula, abriu a gaveta,
saudade secreta,
onde guardados moravam
papéis perfumados,
muito bem dobrados,
meio amarelados pelo tempo
que, a mais, eles tinham, 
do tempo que ela tinha a menos…

… e nas suas mãos eles se detinham,
queridos dóceis doces acenos
de amantes mais ou menos serenos,
sem paralelos nem meridianos,
nem mares, nem oceanos,
que ainda a faziam feliz,
que a ajudavam a viver,
tanto quanto sempre quis…

Nem precisava de os ler,
acariciava a sua caligrafia
e, um por um,
até não haver nenhum,
assim, a todos os lia,
num sentimento lindo e puro
dia e noite, noite e dia
e, solidária com o solitário escuro,
sorria…

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

DIZ, APENAS, QUE ME AMAS!
Não quero que me digas quem és,
não quero que me digas por que me queres,
nem que me contes todos os teus segredos…
nada do que para trás te aconteceu
irá criar em mim receios e medos
nem fará, de tudo o que é teu, algo meu…

Deixa-me ser eu a tentar descobrir
quais são as maravilhas que te fazem sorrir
ou as tristezas que te obrigam a chorar,
qual o lado da cama onde preferes adormecer,
quais são as poesias que tu gostas de ler,
que partes do teu corpo proíbes o Sol de ver,
porque cerras, meiga, os olhos em noites de luar
e te deixas enlear pela melodia de um saxofone
ou absorves um Nocturno sem lhe saber o nome…

Deixa-me ler-te como a um poema de Neruda,
imbuir-me na paz que a tua alma desnuda,
perceber os teus sinais, apreciar a roupa que vistas,
tudo o que te dá prazer e acende em ti o lume,
os livros, as flores, o chocolate e o perfume,
as alergias, os odores, o palato e outras pistas.

Torna-te o todo do meu mais difícil desafio,
aguça-me a curiosidade, como uma charada,
permite-me percorrer-te de fio a pavio
e seres a luz salvadora da minha jornada.
Deixa-me ser eu a tentar conquistar-te!
Deixa-me ser eu a conseguir revelar-te,
numa demanda pacificadora, sem data nem fim,
sendo tu o eterno enigma, sendo tu de mim!

Quero descobrir o mais sensível na tua pele,
com que pólen desejas que eu te transforme em mel,
de que forma te incendeias, como o preferes,
com que fogo ardente, com que imensas chamas!...

Diz, apenas, que me queres!
Diz, apenas, que me amas!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Retirada da Internet

(TALVEZ) O ÚLTIMO POEMA (DE AMOR)...
… e quando esse dia chegou…
não me abandonaste de repente,
antes, deixaste-me aos poucos,
saíste pé ante pé, maciamente,
como não me querendo acordar,
apenas o bastante para a minha dor
não me saber sozinho…
e, assim, os lençóis da nossa cama
deixaste em calculado desalinho,
mentindo uma última noite
de doce amor intenso.

… e quando esse dia chegou…
disseste adeus de mansinho,
como não me querendo acordar,
apenas o bastante para a solidão
não acudir, nem o meu dia agitar.
E quando, por fim, num último gesto,
passaste a umbreira da porta,
fechaste-a levemente,
para me deixares docemente imerso
no meu sono inconsciente.

… e quando esse dia chegou…
espalhaste as marcas da tua ida
sem que eu sentisse a despedida,
deixando na xícara do café
a marca do batom mais forte,
aquela com que desenhavas sonhos,
no percurso entre a minha boca
e o nosso mais delicioso prazer,
desenhando também a mesma marca
no meu rosto ainda adormecido!

… e quando esse dia chegou…
apenas dei por ele,
pela sua presença tão atroz,
quando já não fazias parte dele,
quando já não fazias parte de nós…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Tomasz Alen Kopera

A TUA VOZ
A tua voz serena,
amena,
morna e doce,
como se apenas fosse
um raio de Sol quente
pousado na minha fria alma,
calma,
suavizando o meu olhar,
afagando a minha pele,
embelezando-me os sentidos,
percorrendo cada canto meu,
fazendo sentir-me seu,
e encantando-me
na voz de plebeia,
que de mim faz um seu súbdito
sendo eu uma colcheia
na melodia,
no acalanto,
onde me reinvento e suplanto!

A tua voz
serena o instante,
e, em vermelho apaixonante,
despe-se de segredos,
reverencia a quietude
e repousa o corpo que a abriga,
generoso anfitrião,
que em silêncio convida
a vida
a fazer-se sentida
e eu, convidado e amado,
sinto-me abençoado
e sereno na serena voz
que se fez nós…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Autor desconhecido

APENAS DE PASSAGEM...
Adormeceste no céu
e acordaste na praia,
tapada pela areia
e descoberta pelas ondas,
descansas de uma caminhada
que ainda não começou,
indiferente ao momento,
saboreando o lugar…

Adormeci na praia
e acordei no céu,
tapado pela noite
e descoberto pela manhã,
descanso de uma demanda
que há muito terminou,
indiferente ao lugar,
saboreando o momento…

…estamos ambos de passagem,
não iremos aqui ficar,
eu sou apenas um homem em viagem
mas tu és uma estrela, estrela-do-mar!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Autor desconhecido

POEMA INACABADO...
Despedi-me de ti,
sem tu teres chegado…
abracei-me a ti,
sem me teres tocado…
nos teus olhos olhei,
sem me teres olhado
e triste eu fiquei
sem tu teres notado…

Rasguei-me em pedaços,
exaltaste maravilhada…
invoquei os meus cansaços,
sorriste descansada…
feri-me com as mãos
que nunca pousaste em mim
e foram esforços vãos
os que ditaram um fim…

O meu sorriso satisfeito
concluiu o poema inacabado…
nem ficou dor no meu peito,
nem o romance foi iniciado!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

ELA
Tem um jeito bem simples
de me fazer sorrir
e diz as coisas mais lindas
que o meu ser alguma vez ouviu,
só para me fazer feliz!

Inventa limos e corais
nos dedos que entrelaçam os meus
e recebe o meu corpo no seu
como se eu fosse água
e ela fosse sede!

Tem as estrelas mais lindas
no céu dos seus olhos!
Faz carinhos e mimos
e acalenta os meus sonhos!

Ela é querida como só ela sabe ser!
Ela é mulher mais do que qualquer
outra forma de ser mulher!
Ela distingue-se entre os momentos
mais maravilhosos da vida!
Ela é bem mais do que um simples ser!
Ela é o fruto sempre apetecido,
delicioso, saboroso e querido!
Ela é bem mais do que eu sei dizer,
é aquela que me enlouquece,
me adora, me beija, me aquece
e me faz sentir feliz!!!

Ela é tudo o que eu sempre quis!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Rodolfo Ledel (artista brasileiro)

VALSINHA (quase) INFANTIL (Poema do livro "Sou Teu", pág. 29)
Se ele diz sim,
ela diz não;
se ela diz não,
ele diz sim;
no fim das contas,
nem não, nem sim,
contas redondas,
fica apenas “nim”…

Se ela diz vou,
ele não vai;
se ela não vai,
ele diz vou;
no fim das contas,
vão os dois,
contas redondas,
zanga é p’ra depois…

Se ele diz quero,
ela não quer;
se ela não quer,
ele diz quero;
no fim das contas,
ainda nenhum quer,
contas redondas,
ser homem nem mulher…

Se ele sorri,
ela sorri;
se ela chora,
ele chora;
no fim das contas,
contas redondas,
é mesmo ali
que o Amor mora!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Jogo Final Fantasy VIII, da http://www.square-enix.com/

SEREIA
Serei o momento,
serei o caminho e o tempo
de que a vida se quiser fazer…
Serei o prazer,
serei o sorriso e o cansaço
em que soubermos transformar o amor…
Serei o fervor,
serei a chama e o refrão
com que as manhãs docemente te acordarão…
Serei as mãos,
serei o colo e o amparo,
a carícia, a espera e o afago…
Serei a voz,
serei a ternura que te segredará
e que te fará sentir não estares só…
Serei o teu diário,
serei o teu amante, amor e amigo,
serei um teu rio, um teu sonho, o teu abrigo
e aquele que em ti se enleia e ateia…!
Sereia!...
Tudo em ti serei, sereia!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

...ASSIM SENDO... SOU APENAS HUMANO!
Sou o que escrevo!
Tento ler o que sou
nas palavras que respiro.
Abro as portas do meu ser
sem nada esconder,
sem nada ocultar…

Escrevo o que sou,
o que sinto que sou
e tudo aquilo que sinto
que gostaria de ser,
se eu pudesse sempre escolher…

Sou um apaixonado
pela paixão,
sou ansioso e repentino,
sou, umas vezes, razão
e, outras, emoção…

Sou imperfeito,
inseguro,
por vezes imaturo…
sou tristeza,
incerteza,
sou a perfeição
da imperfeição,
muitas vezes insano,
logo... sou apenas humano!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

BRINDAR A TI, AMOR (Poema inserido no meu livro "SOU TEU")
Brindar a ti, amor
em cálices de bem querer,
entre gardénias de saudade
e pétalas de malmequer,
entre promessas de verdade
e medo em te perder
talvez um dia, quem sabe,
ao amanhecer...

Brindar a ti, amor,
com sonhos de nunca dizer,
entre colinas de ansiedade
e planícies de enlouquecer,
entre loucuras sem idade
e noites por acontecer,
talvez, um dia, quem sabe,
ao entardecer...

Brindar a ti, amor,
em momentos a não esquecer,
entre abraços de vontade
e soluços de prazer,
entre palavras de amizade
e desejos de te ter
talvez um dia, quem sabe,
sem mesmo eu saber...

Brindar a ti, amor,
no mais sagrado dos rituais,
é entregar-me a ti, em flor,
é querer-te sempre mais
nos dias que passam sem cor,
tristes e sempre iguais
enquanto não te tiver, amor,
e, de amor, morrermos imortais!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

QUE COISA É ESSA..?
Que coisa é essa
que vai germinando
no pequeno vaso
da minha varanda,
que vai crescendo,
ganhando vida,
furando a terra
e ficando mais forte?

Que coisa é essa
que vai florindo,
e do meio do nada
para mim vai sorrindo,
e se oferece em flor
numa dança sensual
aos olhos das andorinhas
que deliciadas a sobrevoam?

Que coisa é essa
que me impede que desfaleça,
que me sustem
e me ampara a cabeça,
que não permite
que o sonho adormeça,
que me percorre
e o meu todo atravessa?

Que coisa é essa
que vai nascendo
assim tão depressa?
Que coisa é essa
que me faz feliz
sem que eu lhe peça?

Que coisa é essa?...

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Autor desconhecido

ABRIGO-ME EM TI...
Abrigo-me em ti...
Protejo-me de mim, em ti,
pois sei que me amarás mais e melhor
do que eu me sei amar...

Entrego-me a ti...
sem reservas,
incondicionalmente,
com a confiança própria de um cego,
corpo, alma e mente,
com o máximo amor e apego
de quem em ti nunca se sente ausente...

Acolhe-me,
abriga-me,
protege o todo que eu sou…
abraça a minha paixão,
recebe tudo o que eu te dou,
envolve o meu corpo no teu
e faz de mim um homem,
puro e são,
como se este homem fosse um petiz!

Abrigo-me em ti
e, em ti, sou feliz!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

FALTA A ALMA...
Desenhaste em mim
sorrisos que eu não sei sorrir;
decoraste a minha boca
com as palavras que querias ouvir;
guarneceste o meu corpo com asas,
como se eu fosse um anjo
e, nos teus olhos, eu voei;
depois, deste-me um infinito de cor
e, na tua alma, eu corei
e, deste modo, eu continuei
sendo o que nunca fui nem serei!

Falta a alma que esqueceste de dar…
Falta aquele eu
que, mesmo não sendo meu,
existiria em ti,
existiria na tua fantasia,
sendo parte da tua obra,
aquela parte que não vivi
para além daquilo que desejaste,
mas… existiria.

Desenhaste em mim
todo aquele que eu não sou
e, no fim,
quando me quiseste encontrar
eu não estava no lugar
onde me tinhas deixado ficar,
eu não era aquele que concebeste,
eu não existia em ti
porque, simplesmente, eu não existia
nem em mim eu me reconhecia,
para além da fantasia,
crendo ser quem não sou…

Falta a alma!
A alma que esqueceste de me dar
e a que ficou em mim sem saber amar!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

O QUE ANDASTE TU A FAZER?...
O que andaste tu a fazer
por dentro e por fora de mim…

que tudo deixaste desarrumado
e fora do seu lugar,
o meu ritmo cardíaco alterado,
os lençóis enrugados
e uma paisagem distante no meu olhar?...

que me escreveste do fim para o princípio
como se eu fosse uma tua história,
que me desgrenhaste os cabelos,
tatuaste a minha ansiosa pele
e te assenhoreaste da minha memória?...

que desbravaste o caminho até mim
serenamente de olhos vendados,
sem bússola, nem mapas, nem guias
e no meu corpo derramaste rios e oceanos
inundando poros nunca dantes navegados?...

O que andaste tu a fazer
que alteraste o calendário e os dias,
a tabela das marés e as fases da lua,
o ciclo da água e fotossíntese das flores,
o sentido de rotação dos astros,
a teoria da formação das cores
e o sentido de orientação dos meus passos?...

O que andaste tu a fazer
para que eu queira tanto renascer?

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

O MEU PAÍS É UM SONHO... (Dia de Portugal 2016)
O meu país
é um sonho desejado,
nos dedos amparado
por cada um de nós,
enquanto, acordados, dormimos…

O meu país
é um sonho ansiado,
bailando nos olhos
de cada um de nós,
enquanto dormimos acordados…

O meu país
virado para o mar 
é sulcado a vermelho e verde,
a sangue e esperança,
eterno velho e sempre criança!

País de nossos egrégios avós,
é um sonho por começar,
no peito de cada um de nós,
enquanto não acordarmos
e, a esperar, continuarmos,
que o sonho se faça país
e, por si só, se faça feliz!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Internet

PERGUNTAS...
Com quantas mentiras se consegue viver uma vida?
Quantas vidas se conseguem, numa só, viver?
Quantas partidas são necessárias acontecer
para que, finalmente, aconteça a chegada?
De quantos quartos vazios se forma o nada?
Com quantos monólogos se forma a solidão?
Por quantas diferenças é composta a indiferença?
Com quantos silêncios se cala a violência?
Quantos segredos violentam a inocência?
Com quantas falsidades se destrói a confiança?
Qual o tamanho da tristeza com que se vive o abandono?
Quantas pontes são precisas construir
para vencer a distância que separa
dois corpos à simples distância de um abraço?
De quantas promessas vãs se faz a sinceridade?
Qual o tamanho do laço que une a amizade?
Quanta guerra é necessária para que haja paz?
Com quantos sonhos lindos uma feliz criança se faz?
Com quanta esperança se molda o amor?
... e quantos séculos precisamos nós para sermos felizes por um dia?

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Internet

VIAGEM EM TORNO DE MIM...
Sou um barco preso ao cais,
navego em sonhos e ideais
e embalo-me nas águas
deste porto de abrigo
que amaina as minhas mágoas
como um amigo…

Prendo-me ao cais,
e sinto-me seguro,
sou barco e sou arrais,
domino as amarras,
desligo-me dos cabrestantes
e, por instantes,
o pontão é o meu mundo
e o meu rumo não tem rota…

Não preciso de frota,
nem de cartas de marear,
os meus olhos são o meu mar.

Iço velas, balança o mastro
e oiço a quilha chorar
por uma viagem que começa
sem as amarras soltar…

Nada há que me impeça
de desfrutar desta viagem,
tenho o sextante na alma
e os sonhos são as estrelas
pelas quais me vou guiar.

Navego dentro de mim
da popa à proa, sem fim,
depois da faina ao luar.

Sou marinheiro, navegante
sem escala nem porto,
não sou vivo nem morto,
escapo à maldição do escorbuto,
viajo, descanso e luto
enquanto os dias passam
e as noites ficam
porque delas preciso,
para pendurar na Lua
o meu sorriso!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

ACORDÁMOS E SORRIMOS...
Acordei 
mas fingi-me adormecido…
sorri ao de leve,
apenas para que soubesses que eu estava acordado…
não era que fosse assim tão necessário,
o meu sorriso sorrir,
porque o retesar da minha pele,
o estremecer do meu corpo,
o calor… sim, o calor que se desprendia de mim
em labaredas de desejo,
tudo indicava que eu já tivesse saído do reino dos sonhos
para entrar num outro idílio,
mas eu fiquei assim sorrindo
e tu assim me deixaste ficar!

Era isso!...Tu não me querias acordar,
mesmo sabendo-me acordado…
tu querias apenas abraçar-me,
tu querias apenas procurar o pólen nos poros da minha pele,
saciar-te no néctar que sabias ter guardado para ti,
querias lamber o mel que a manhã ganhara das abelhas,
da manhã que ainda nenhuma ave descobrira
mas que ambos tínhamos pressentido.

E eu continuava a fingir-me adormecido,
docemente embalado pelo doce momento…
e tu continuavas a permitir-me fingir que eu dormia
num sonho que queríamos os dois ter,
cada um à sua maneira,
para que ambos soubéssemos que um estava ali para o outro,
diferentes em tudo quanto cada um descobria
no tudo que cada um oferecia para descobrir…

E descobriste-me por entre o labor odoroso dos lençóis,
como se fosse a primeira vez que me descobrias
e que me seduzias…
e eu deixei-me ir, deixei-me seduzir no aconchego dos teus dedos,
nas impressões digitais que iam em mim semeando,
na arte que eles têm em criar planos que apenas os dois sabemos ler,
que apenas os dois sabemos a que foz desaguar…
e, ribeiros de águas mornas, desaguámos!

Então, a manhã fez-se nossa, no piar das outras aves,
do lado de fora da janela do ninho feito de ternura e linho,
e tu… e eu… os dois juntos no mesmo terno abraço!
Tu agora fingias adormecida, sorrindo, 
sabendo que eu te sabia acordada,
e eu fiquei dolente e desperto no teu regaço,
fingindo dormir, sabendo-me acordado...
Acordámos e, de novo, sorrimos…

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Internet

VESTE-TE DE MIM...
Pendura-me no teu pescoço
como um lindo fio dourado...

prende-me nos lóbulos das tuas orelhas
como brincos de cigana...

usa-me nos teus dedos
como anéis com jóias raras...

aperta-me dentro do teu vestido
como seios dóceis e sensuais...

perfuma a tua pele macia
com o aroma da minha pele...

fecha-me entre os teus lábios
como bâton silvestre carmim...

veste-te de mim
e respira os meus sonhos...

guarda-me na tua bolsa
como bilhete de amor escondido...

passeia-me com a tua sombra
como se os corpos fossem um só...

Inventa-me em ti,
no teu quarto,
no teu espelho de mão,
no teu frasco de perfume preferido,
no teu bornal de sonhos e ilusões,
no teu poema mais querido...

Serve-me em ti,
sorve-me em ti
e deixa uma parte de ti
sentir-se em mim...

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Vladimir Kush

QUE NUNCA ABANDONEMOS A CRIANÇA QUE HÁ EM NÓS!
QUE NUNCA ABANDONEMOS QUALQUER CRIANÇA!
Toda a criança deveria ter direito a:
· Ter uma mãe que a adorasse!
· Ter um pai não a esquecesse!
· Ter uma família que a acarinhasse!
· Ter alimentação que a nutrisse!
· Ter habitação que a protegesse!
· Ter educação e formação de que mais tarde se orgulhasse!
· Seja pelo que for, não ser discriminada!
· Ser respeitada e ensinada a respeitar!
· Ter direitos iguais s todas as outras crianças!
· Não ser maltratada e aprender a não maltratar!
· Não ser violentada e aprender a não violentar!
· Ter opção de escolher e aprender a acolher outra opção!
· Ter opinião e aprender a permitir outra opinião;
· Sonhar e, no sonho, poder acreditar!
· Ser justiçada e aprender a julgar!
· Ser feliz e aprender a fazer alguém feliz!
· Ter esperança e aprender a apoiar um amigo!
· Amar e aprender a saber amar!
Seja ele ou ela, criança ou adulto, esteja onde estiver, fale que língua falar, nasça onde nascer, tenha os pais e o país que tiver, seja rica ou pobre, alta ou baixa, gorda ou magra, escura ou clara, independentemente da sua religião e daquilo em que acreditar, que nenhuma criança deixe de poder ser criança!
Que não fosse necessário ter que haver um dia no ano para nos lembrarmos de quem fomos, somos e gostaríamos de continuar sendo! A bem de quem aqui deixarmos!
Dia internacional da Criança 2016

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Internet

TENHO UM CORCEL SOLTO NO CAIS...
Tenho um corcel solto no cais, 
com a garupa desguarnecida,
esperando-me como arrais
para em ti morrer e viver
as vezes que puderem ser,
porque quero perder-me em ti
e ficar com uma razão mais
para te percorrer
em busca de mim…

Sinto que a espera será curta, 
sei que a quimera será querida,
adocicada pela essência da murta
e lembrada por toda a vida!

Tenho um corcel solto no cais…
ele que me leve onde tu vais!

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: CWRW 2010

SORRINDO, RECOMEÇOU...
… e surpreendeu-se,
afligiu-se,
lamentou,
desculpou-se,
defendeu-se,
implorou e renegou,
chorou e soluçou,
martirizou-se,
praguejou, maldisse,
gritou, vociferou,
blasfemou, orou,
acusou, acusou-se,
culpou, culpou-se,
criticou, criticou-se,
humilhou, humilhou-se,
insultou, insultou-se,
ofendeu, ofendeu-se,
odiou, odiou-se,
encolerizou, encolerizou-se,
perdeu, perdeu-se,
enlouqueceu,
atacou, atacou-se,
cuspiu,
pisou, pisou-se,
arranhou, arranhou-se,
mordeu, mordeu-se,
agrediu, agrediu-se,
rasgou, rasgou-se,
desistiu, abdicou,
caiu, levantou-se,
cansou, cansou-se...

...descansou,
adormeceu e acordou,
pensou e repensou,
suavizou, acalmou,
ganhou,
não esqueceu,
não perdoou,
mas aprendeu
e decidiu,
cuidou-se, arranjou-se,
preparou-se
recuperou,
renasceu!

Sorriu e recomeçou!...
…e surpreendeu-se…

AUTOR: Vítor Costeira
IMAGEM: Autor desconhecido

O SENHOR DOS ABRAÇOS
Nasceu milagre de um clandestino abraço,
entre o maravilhoso e o proibido
e, de braços carentes e estendidos,
passou por vazios e frios regaços
e nenhum desses laços se maravilhou
na inconsciente meiguice do seu olhar,
na suave carícia do seu eterno voo
e, como rama de árvore, se ofertou
a todo o ninho que em si se fez lar…

… E, por todos os abraços que não teve,
aprendeu a abraçar o profundo mar,
as aves, as almas, os corpos, o luar,
a noite, o dia, o sonho e a fantasia,
todas as alheias tristezas e mágoas,
os silêncios, os divinos trovões e as águas
e abraça a carência amarga dos abraços
daqueles que são felizes sem o saber
e dos que humildes sorriem no sofrer…

… e, no crepúsculo distante de cada dia,
sorrindo no doce sonho que acalenta,
como uma criança que bebe fantasia
na luz e na paz que em si fermenta,
ausente de dores e intolerantes cansaços,
abraçado no próprio abraço adormece
imaginando-se abraçado noutros braços,
esse alguém que apenas se conhece
simplesmente, como o Senhor dos Abraços!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Vladimir Kush

PRECIPITO-ME...
Precipito-me como chuva,
caio a pique,
atiro-me de cabeça
em queda livre,
em vertigem,
sem cálculo,
irracionalmente,
como um pingo de água,
com mágoa,
em aproximação ao chão,
concluindo o voo,
separando-me de mim
em múltiplos outros…

Precipito-me como água,
líquido,
transparente,
quente,
salgado,
inodoro,
silencioso,
perfuro a terra,
em direção ao Mar…

Precipito-me...
sou lágrima,
acabada de chorar…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Natalie Holden

OLHOS NOS OLHOS... (Poema do meu livro "Sou teu")
Vamos conversar…
Vamos falar, por vezes, sem falar…
Olha bem no fundo do meu olhar
e descodifica o que há para decifrar
nos mistérios que em mim residem.

Despe a minha alma e lê o meu corpo,
segue-lhe os sinais que não fui a tempo de desvanecer,
aprecia muito mais o que sentires
do que aquilo que a visão te oferecer…
despe-me o corpo e lê-me a alma,
rasga os tecidos desprotegidos
e tenta encontrar algo já esquecido
nas artérias e veias que mapeiam a minha pele…

Suaviza e eterniza este momento,
cristaliza as gotículas do salgado suor
que da minha fronte se desprenderão
como chuva quente no Verão,
para a concha da palma da tua mão
e faz delas parte dos teu segredos,
guarda-as como cristais diamantizados,
em valiosos quilates lapidados…

Quando, por fim, eu estiver descodificado
na imensa enciclopédia dos termos sem significado,
fala-me, finalmente, das coloridas paisagens
que tão ansiosamente em mim desbravaste,
das empolgantes e subtis panóplias de imagens
que por todo eu em tela de linho pintaste
e dá-me um pouco do teu valioso tempo
para continuarmos neste doce momento…

Vamos conversar…
deixa-me olhar bem no fundo do teu olhar
e descodificar o que há para decifrar
nos mistérios que em ti residem…

Permite-me despir-te a alma e ler o teu corpo…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Tomasz Alen Kopera

ADÁGIO PARA UMA NOITE DE INSÓNIA
Se chegares enamorada,
levitando como um anjo,
descalça e cansada, 
ligeiramente embriagada
e com um perfume adulterado
volatizando do teu corpo…

simplesmente, não digas nada,
faz de conta que não reparas
que eu finjo estar a dormir
e que não ouço o teu bocejar
nem as roupas a despir, 
um pouco antes de deitares
o teu corpo abandonado,
ao lado do meu já deitado,
meio trôpego, desajeitado,
e adormeceres o teu fado,
sem saberes do meu sorrir,
nem medires o meu prazer,
na hora de eu adormecer
a insónia já cansada,
doce e esperada madrugada…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

...POR MOMENTOS, MÃO NA MÃO... (excerto de um conto meu)
…aos poucos, ia recuperando a consciência. Os sons surgiam-lhe quase imperceptíveis, difusos, longínquos e não lhe apetecia, ainda, entreabrir as pálpebras ou, talvez, fosse tudo receio. O medo invadia-lhe a alma e entorpecia-lhe a vontade. Já teria terminado tudo? Teria corrido bem? Estaria livre de perigo? Iria ser, de novo, uma mulher irrequieta e pronta a viver? Voltaria a sonhar e a plantar esperanças em cada dia que passasse? Estaria alguém ali, junto à sua cama no hospital?...
– Júlia… estás a ouvir-me, Júlia?
Afinal, ela não estava sozinha! Aquela voz sussurrava-lhe junto à face e reconhecia-lhe o calor e o tom e continuava a falar.
– Já passou tudo! Já está! A operação correu muito bem!!!
Ao ouvir estas palavras, não conseguiu evitar um sorriso, pálido e assimétrico, quase um esgar, e descerrou as pálpebras.
Junto a ela, com ar de quem não dormia pacificamente há algum tempo, estava o seu companheiro de alguns anos. As lágrimas escorriam-lhe pela face abaixo, de alívio e felicidade.
Olhavam-se e, isto, bastava, de momento.
Nunca tinham tido uma vida repleta de amor e de carinho. Os dois eram muito diferentes, um do outro. Talvez, por isto mesmo!...
A mão dele procurou, como quase sempre, a dela mas, desta vez, ela não a afastou, com pretextos vários e sem nexo, como o fazia tantas vezes. Por falta de forças, por agradecimento ou levada, apenas, pelo momento, a mão dela recebeu a dele e segurou-a carinhosamente. Cerrou os olhos, de novo. A luz, apesar da cortina da janela do quarto do hospital estar corrida, ainda estava muito forte para si e feria-lhe as retinas.
Na intimidade da penumbra dos seus olhos fechados meditou, com a calma com que raramente o fazia, sobre a vida, a sua vida. A vida pode ser muito curta e insignificante mesmo, se não lhe der valor, se não for amada, se não amar! Tinha que aprender a ser feliz! Estava feliz! Sentia todas as suas feridas a fechar! Naquele momento, percebia que recuperava para a vida, para os sonhos e ilusões do dia-a-dia. Mesmo que voltassem a acontecer momentos menos felizes, ela ultrapassaria tudo com a certeza de que o peso dessa infelicidade nada significaria, comparado com a provação pela qual estava a passar…
-- Já merecias ter alguma sorte na vida, não é?! – concluiu ele, como se a sua presença na vida dela não significasse nada, como se não tivesse valor ou não lhe desse felicidade… e, talvez, esperando que ela lhe dissesse que já tinha tido muita sorte na vida, por o ter como companheiro!
Era assim que ele era ou talvez fosse assim pela quantidade de vezes que ela o tinha feito sentir assim!
Mas, ela gostava mesmo dele! Ele não o sabia, porque ela raramente o dizia e, mais raramente, ainda, o fazia sentir. Era fria e distante e parecia pouco carente, enquanto ele era ávido pela sua atenção, pelo seu contacto, pelas suas palavras e afecto… era semelhante a um cachorrinho e estava, naquele momento, mais feliz do que nunca: estavam ali, apenas, os dois, sem discussões, sem olhares recriminadores, sem repulsas e mão na mão…

(Palavras minhas e imagem de Leo Patzelt) Vítor Costeira

O OLHAR CERTO, EM CERTO OLHAR...
Quando repousas o teu olhar
no meu
e eu procuro o céu no teu,
sinto-me de novo criança,
visto-me de esperança,
fico irrequieto,
agitado,
sinto o espaço crescer
e, na ânsia em te encontrar,
acabo por me perder,
a meio caminho
entre o teu olhar
e algo que eu não sei descrever…

Depois, o espaço recolhe,
eu acalmo,
a criança em mim descansa
e recebo como um salmo
o céu do teu olhar
que procurou no meu repousado olhar
o olhar certo para repousar…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

SEMPRE ESTARÁS!
Estás em mim,
és parte de mim
e, sim…
sinto-te agora aqui,
neste mesmo momento
em que te reinvento,
em palavras
que sei que nunca lerás
e na saudade em tatuagem
que gravaste no meu peito,
para que eu seguisse viagem
já sozinho, no meu leito,
onde tu não mais dormirás…

mas, sim…
estás aqui
e sempre aqui estarás!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Adam Martinakis

ABRAÇA-ME, SIMPLESMENTE...
Se eu continuar a dormir,
se eu me fechar e calar,
se eu me amedrontar e fugir,
se eu constantemente me flagelar…
não me digas muitas coisas,
simplesmente, abraça-me
e permite que no teu peito
eu viva toda uma eternidade
e desperte em ti homem refeito,
com um novo brilho no olhar
que tu possas traduzir por felicidade…

Acorda-me, se eu me esquecer de sorrir
quando a primavera florir,
quando o primeiro raio de sol eclodir
em cada dia que nascer,
quando o voar de uma andorinha
desenhar suaves espirais no céu,
quando o teu olhar procurar o meu
ao raiar de cada amanhecer,
para que a cada dia eu possa ser
sempre um, cada vez, melhor ser…

Agora, abraça-me, feliz,
para eu em ti, feliz, renascer…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

COMO DA PRIMEIRA VEZ!
Bebemos do mesmo copo
a bebida proibida,
com sofreguidão,
ânsia,
avidez,
até a última gota secar
no toque dos nossos lábios,
no ardor de um beijo,
adiando a sede e o desejo
de nova bebida,
proibida ou não,
até ao fim da vida
com a mesma sofreguidão
e avidez
da primeira vez!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

AMAR É...
Amar é dar,
não é dor...
é doar,
não é doer...
é oferendar,
não é ofender...
é dádiva,
não é dívida...
é tocar,
não é atacar...
é paixão,
não é compaixão...
é aceitar,
não é açoitar...
é sim,
não é assim-assim!
Amar é...
simplesmente amar!

(Sim... é muito mais!  )

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Adam Martinakis

ENQUANTO TE ABRAÇA E SORRI...
Numa daquelas tropelias do destino
que enchem de luz e bonança
o mais escuro dos dias,
o senhor dos acasos e da esperança
trouxe até ti, ao teu sonhar,
aquela que sabias que seria
a única a quem querias amar
na mais pura alegria…

…e afagaste-a com o olhar,
adocicaste o caminhar,
tatuaste a sua pele
com o teu fogo, com o teu mel,
e percorreste-a carinhoso,
talvez até em agonia,
sem saberes se ela sabia
que ali estavas só por ela,
rosmaninho, cravo e canela,
especiaria pura sem caravela…

… oh! Terno e eterno momento,
aquele em que ela te sentiu,
como a farinha e o fermento,
num quente e doce arrepio,
quando em ti se viu e agora vê,
nos poemas que leu e agora lê…

… e lê na poesia dos seus dias!
… e lê na paixão dos momentos!
… e lê na suave curva dos tempos!
… e lê na felicidade do sonho
que és o único a quem quer amar,
e afaga-te com o olhar,
percorre-te carinhosa
e está ali apenas para ti,
gardénia, jasmim e rosa
enquanto te abraça e sorri…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

A NOITE PASSADA..
A noite passada adormeci ausente de mim
e o meu olhar voava cativo
nas asas de um bando de gaivotas…

De um para outro lado,
as gaivotas subiam, desciam
ou passeavam na muralha,
agarrada ao cais do rio,
e a verdade é que adormeci
com a última gaivota da noite,
cantando uma canção que não aprendi…

Adormeci e sonhei
que, aquela gaivota que ficou,
apenas ficou para mim, por mim,
e por mim se fez magia,
incenso, marfim, malmequer,
e Mulher!

A noite passada adormeci
como uma alma devota,
com o olhar colado a uma gaivota
e o pensamento em ti!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

SE, EM VEZ DE ASAS...
Se eu pudesse ter braços
em vez de asas,
pelos em vez de penas,
boca em vez de bico;
tentaria ter asas
em vez de braços,
penas em vez de pelos,
bico em vez de boca,
e seria um pássaro
que os homens invejariam.

Assim, como sou,
sou apenas um homem
que os pássaros
ignoram.

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Zerbato

NO REINO DAS COISAS SIMPLES
Nos dias que vestem o tempo,
nos acasos que vestem os dias,
no reino das coisas simples,
existem os mais belos
e simples seres…

e nem eles são belos
por serem simples,
nem eles são simples
por serem belos…

simplesmente,
são belos e simples!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

DANÇAS, DE NOVO, COMIGO?
Enquanto a música se fazia senhora e rainha
por entre o aroma do rosmaninho e alecrim,
simplesmente, eu era teu e tu eras minha
e, naquele instante, tudo começava assim…

Olhos nos olhos e mão na mão,
feitos éter, levitávamos os nossos corpos
e, suavemente, fugíamos do chão!

Os dois colados éramos um só,
eu sussurrava-te perfumes apenas nossos
e tu oferecias-te num sorriso,
sem espera, sem mácula, sem aviso,
numa brisa com sabor a eternidade
que eu devorava em instantes!

E entre sonhos e felicidade,
éramos muito mais do que dois amantes
que olvidavam os passos da dança
e trocavam os pés pelas mãos,
ao ritmo de uma esperança criança
que alimentava sentimentos doces e sãos!

E, assim, continuávamos o bailado,
seguindo apenas o pulsar do coração,
olhos nos olhos, mão na mão,
até que a música deixava de ser rainha
mas eu continuava teu e tu eras minha
e naquele instante de rosmaninho e alecrim,
percorrias a minha pele com um sorriso
e sem que mais nada fosse preciso,
sussurravas-me eternidade, assim…

“Meu amor, minha paixão, meu amigo,
danças, de novo, comigo?”

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Rodolfo Ledel

O FOGO E A GASOLINA
Sentados, frente a frente,
cada um do outro confidente,
presentes do presente momento,
ausentes na distância
mas presentes no tempo…

Frente a frente em ânsia
de se prenderem no olhar,
de poderem nele viajar
nas asas do outro, voar,
a alma desejada poder ler
e, um no outro, se perder
onde cada um se encontrar…

Os olhos leem, os olhos gritam
de amor, de prazer, de paixão,
os pés afastam-se do chão
e o coração toca no coração,
como bênção ou oração,
enquanto as almas vão
e os corpos ficam…

E neste quase insano fervor
a consciência desatina!
Um é fogo e arde sem dor,
o outro alimenta e é gasolina!

Neste olhar, onde cada um quer entrar
nenhum deles sabe se quer sair,
e frente a frente, sem falar,
um deles tem que fugir
para o outro se poder encontrar!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

DIZ-ME... ONDE ESTÁS?... (Para o Dia da Mãe 2016)
Onde estás tu?...
Tu que aqui me semeaste,
que me deste uma vida inteira
como um desafio para resolver,
que aqui me deixaste sem um código
para decifrar tudo o que não sei,
e é tanto que nem sei dizer!

Por vezes, sinto que atravesso um deserto
em busca de algo
que nem sei se estará longe ou perto,
porque é tão fácil eu perder
a noção do ínfimo ser que sou,
apenas sabendo que quando estou perdido
tenho que encontrar o meu caminho
nesta demanda, nesta provação,
para um destino que me é desconhecido
e que tu não me soubeste dizer…

Não quero que me salves agora,
pois eu sei que essa é minha função
e tu não o poderias fazer, 
mas gostaria apenas de sentir
que estás lá, sempre que no chão eu cair,
e que terás estendida a tua mão,
quando eu para cima olhar
esperançado em te encontrar,
em te ver sorrir…

Preciso de força,
preciso da tua força,
preciso do teu olhar,
preciso saber que existes em mim
tanto quanto eu quero sentir-me em ti!
Preciso saber que estás comigo,
preciso sentir-me acompanhado
e que a tua mão segura a minha,
como a minha guia apaixonada…
não sei encontrar-me abandonado!

Deixa-me sentir abraçado,
alimenta a minha esperança,
faz do meu sonho a tua criança,
faz de mim, de novo, o teu sonho!

Dá-me paz, acalenta o meu amor
com o teu imenso e esperado amor!
Onde estás tu, por favor!?...

(Porque todos tivemos uma Mãe, mesmo que ela não tenha podido ou sabido fazer-se sentir...  )

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Assinatura de autor ilegível

FAZ UMA VISITA À MINHA SOLIDÃO
Faz uma visita à minha solidão…
abraça a minha tristeza
e saboreia o meu desalento.

Vê com os meus olhos,
percorre todas as minhas veias
e respira no sabor dos impulsos
do meu coração…

Invade o meu corpo,
veste a minha pele,
branca de vazio,
vive a minha vida
mas não sofras por mim…

Sê eu mesmo, por instantes
e, talvez, por instantes,
sintas a falta da alma
que eu perdi
por ti…

Tenho saudades de mim…

(peço desculpa, pelo texto... todos temos alguns dias assim...)

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Pixelnase

UM ROMANCE DIFERENTE
Três segmentos, diferentes ou não,
três vértices, como pontes e ligação,
três ângulos abrindo o campo de visão,
em tudo se forma uma combinação,
à qual triângulo se decidiu chamar
sempre que um polígono assim se formar!

Fruto da mesma raiz, o ângulo reto, 
cada cateto tem um irmão
no outro cateto, gémeo ou não,
e cada um deles vai vivendo
uma aguda relação
com a sua amiga afastada,
quase como uma intrusa, 
diria abandonada,
a independente hipotenusa!

A hipotenusa é a musa
distante e fria
que quanto mais cresce cada cateto
mais ela do ângulo reto
se afasta, se distancia…

E, para a relação ter mais veneno,
o cateto oposto junta-se com a hipotenusa
nascendo, daí, um seno;
mas como um desafio não se recusa
o cateto adjacente amiga-se com a hipotenusa
e dessa relação nasce um cosseno.

Apesar de rígido, o ângulo reto é inteligente
e, para que haja paz entre parentes,
harmonia entre eles uma amizade pungente
a que lhe chamou tangente.

E, assim, haverá sempre um romance
em qualquer cateto da nossa vida,
enquanto houver um coração que dance
ao ritmo de uma alma apaixonada e querida!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Retirada da Internet

AMARGAS LARANJAS BRAVIAS
O meu olhar é o mar,
os meus olhos… água salgada
e com os olhos marejados
atravesso a vidraça da janela,
sem rumo nem rota
e voo nas asas de uma gaivota
para o cesto da gávea
de uma caravela chamada liberdade
que todos os dias me espera
ao longe, ao largo,
balançando varina e atrevida,
desafiando a fuga,
despertando a aventura,
mantendo-me ligado à vida…

Todos os dias o mar me chama
e todos os dias eu vou,
apesar da loucura
ou, talvez por ela,
apesar da imobilidade do meu corpo,
meio-vivo, mais do que morto,
jamais tentando resistir,
jamais evitando a viagem,
antes, sonhando ficar
balançando com o mar,
fazendo companhia à amiga gaivota
que diariamente passa
pela vidraça da minha janela…

Mar… amar…
amargas laranjas bravias
que entre mim e ti se interpõem,
esperando, num cesto de vime,
a mão distraída que as leve aos lábios,
que as leve também ao mar…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Vladimir Kush

NO LADO ERRADO DA VIDA! 
Sentados bem confortavelmente,
em cima de um conforto
que apenas alguma gente bem sente,
bebendo a imensa alegria
do abençoado dia-a-dia,
cantando lindas canções,
falando de felicidade e lindas emoções
que convidam todos nós a sermos felizes,
aplicando cosmética por cima das cicatrizes,
tapando insucessos e crises,
pois não foi para isso que nascemos,
nem será com isso que morreremos…

Olhando para o lado e nada vendo,
passando a vida fingindo nada saber,
assobiando melodias de indiferença,
fintando e iludindo a diferença
entre aquilo que podemos fazer
e aquilo que nada nem nunca faremos!

Olhando, por cima do ombro, calmamente,
para aquele que dizem ser o nosso semelhante,
mesmo que sua vida seja de miséria errante,
desde que essa vida se viva onde não se veja,
rezando e orando pela paz no Mundo
por todos sentindo um amor profundo,
felizes por sermos o que somos
e termos à mão todos os bens terrenos…

… no fim do dia adormecemos serenos,
na boca suavizando um sorriso pleno de confiança
e no amanhã depositando a enorme esperança
que sempre assim seja!...

Só não vê, quem não quer ver!
Só não sabe, quem não quer saber
que é tão diferente e tão sentida
a dor em nascer do lado errado da vida!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Retirada da Internet

QUERIDO DIÁRIO... 
És as minhas alvíssaras de glória,
não és princípio mas fim,
és toda a minha história,
e eu serei, em ti, toda a tua memória,
tudo aquilo que de mim restar
é em ti que irá morar.

Serás o responsável, o cuidador,
de quem eu sou agora
e preservarás todo o meu fervor,
assim que chegar a hora
e será com esse amor sem dor,
feito de enlevo e arte,
que fará de ti o esplendor
de um cristal que não se parte
que apenas se reparte…

És o diário dos sonhos sem dias certos
para serem escritos ou lembrados,
daqueles de quem me fiz incerto
e a quem, no estremecer das asas
de um qualquer insecto,
um dia alguém me lerá em ti…

És o sagrado profano relicário
das minhas vazias e insignificantes palavras
que falam de sonhos, tristezas e alegrias
que outros olhos porventura lerão como fantasias.

Cuida bem destas palavras inseguras
que não chegam a pretender ser poesia,
preserva-as ingénuas e imaturas,
esconde-lhes a amargura e a agonia,
sê o cuidador da obra que será
muito mais do que alguma vez pretendeu ser,
neste tempo vago de plenitude,
onde ainda me sinto dentro de uma doce infinitude,
onde ainda me encontro…

Aqui estou eu a despojar-me em ti
extraindo-me de dentro de mim,
entregando-me da forma incondicional
que apenas tu sentes e conheces,
deixando de ser apenas eu para sermos nós,
esvaziando-me, dando lugar a uma outra voz
que raras vezes antes se conheceu,
e tu, neste propósito do tempo desconhecido,
também um outro tu já terás sido
por cada nova palavra que eu escrever…

És o diário que alguém um dia irá, ou não, ler
e eu sou aquele alguém que ainda não fui
aquele outro que, mais tarde, em ti, serei lido!
Sou neste momento, um outro, contigo
e tu nunca serás o mesmo sem mim, diário amigo!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

A BAILARINA
… e roda, roda, roda
e rodopia,
numa dança linda,
linda melodia,
de noite e de dia!
Os seus pés levitam
e seu chão é um espelho,
roda um vestido
todo ele vermelho,
cabelo comprido
ao longo das costas,
num desenho destemido,
sensualmente expostas!

Olhar tão sonhador,
olhar de menina,
para tanto esplendor
a caixinha é pequenina….

Seguindo um saxofone
delicia-se com o artista,
sabe-lhe o nome
e roda na pista
numa felicidade infinda,
numa dança feliz,
numa dança linda,
a bailarina petiz!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Retirada da Internet

SENTI CHEGARES...
Senti chegares
como foco negro numa abóbada luminosa,
silencioso mas célere,
invisível mas cruel,
estúpido e sem graça!

Senti chegares
sem conseguir evitar a tua chegada,
apesar de ter lutado,
apesar de ter evitado
abrir as portas que dão acesso
à transparência dos meus sentidos!

Porque vieste?
porque voltaste a atormentar-me?
Que razões encontraste?
Que despojos pretendes de mim?

Senti chegares
e apoderares-te do meu vulnerável interior
para o lançares às sementes vis
que na insidia me ofereces,
qual verme que rói, corrói e apodrece o fruto!

Senti chegares
e ficares a sorrir da minha fraqueza
em te deixar dominar os meus gestos,
como uma simples marioneta,
sentindo-me fugir de mim próprio!

Senti chegares
e trazeres contigo o gosto mortal
de um cálice com vinho envenenado
que eu pretendo nunca beber,
por muitas mais vezes que mo ofereças,
nas muitas mais vezes
que vou sentir-te chegar
sem que vá conseguir, eu sei,
a tua chegada evitar!

Senti chegares
queimando como lume,
querendo devorar-me a alma,
ciúme!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: http://jesterofthelost.deviantart.com/art/Jealousy-in-a-Tango-d-Teardrop-343126220

COMO UM VULCÃO...
Vives os teus dias
da mesma forma como sentes
o sangue a percorrer as veias,
sem defesas nem ameias,
numa pressa desmedida
numa doida correria em vão
percorrendo o mesmo ciclo de vida,
enquanto ardes em paixão
e te consomes ferida...

Vives os teus dias
com a alma fundida em magma ardente,
numa actividade sempre crescente,
Vesúvio em constante erupção
expeles lava como forma de amor
danificando o teu coração
e queimando tudo em redor,
em momentos de desenfreada loucura
que dura o que uma eternidade dura…

Vives os teus dias
como se esses dias já não existissem…
Deixa os dias acontecerem,
deixa os acasos florescerem,
permite que as horas sejam sempre
sequências de sessenta minutos
e que cada segundo tenha o sabor de cada segundo...
faz da paz a tua serena matriz
e talvez assim poderás um dia ser feliz!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Retirada da Internet

CALCO AS DORES...
Calco as dores
como se fossem flores,
gentilmente,
tentando não as ferir mais,
porque são as minhas dores,
porque não me quero mais magoar…

Calco-as como se as fosse destilar
para delas obter a síntese,
o aroma, a essência,
o seu âmago e as lições
com que me quero acompanhar,
com que quero viver…

Calco as dores,
gentilmente,
suavemente,
como se me perfumasse,
como se me calcasse,
calco-as como calco as flores…

Chega de sofrer!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

DEIXEI MINHA ALMA A VIAJAR...
O meu olhar vagabundo,
sobre este profundo mar,
fez-se eterno navegar
neste largo e longo mundo
em constante maravilhar,
descobrir e sonhar
adormecer embalado pelo luar
e acordar encantado por viver,
entre peixes e sereias,
marés-vivas e luas-cheias,
golfinhos e caravelas,
alforrecas e baleias…

E, nesta bela tela,
o meu olhar itinerante
fez-se também parte dela,
sob um Sol ardente e brilhante,
sob uma Lua clara e errante,
feliz e viajante,
fez-se amado e fez-se amante…

O meu olhar marinheiro
repousou no alto-mar….
e, viajando num veleiro,
deixou minha alma a viajar…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

PRECE
Mãe Natureza! Mãe Natureza!
Faz de mim uma fortaleza!
Dá-me o privilégio de ser um vencedor,
com ou sem dor,
ser de ti um esplendor,
um dos teus filhos maior
aquele que te faça feliz por me ter!

Mãe Natureza! Minha Mãe!
Lava-me a alma com o teu olhar,
limpa-me as mágoas e o pesar,
ensina-me a amar!
Dá-me a arte e o engenho
que eu perdi no caminhar,
dá-me tudo o que não tenho
e que só uma mãe sabe dar!

Mãe Natureza! Querida Mãe!
Aqui estou, de novo, a teus pés,
carente eterno do teu sorriso,
aconchegando-me no colo maternal
que me recebe sempre que eu preciso,
me dá alento e me faz imortal,
enquanto o irmão tempo assim quiser!

Aqui estou, uma vez mais, Mãe…
esperando a tua bênção, Mãe…

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet

RESPEITO À DIFERENÇA!
Nasci sem pedir, nem escolher, 
nasci homem mas podia ter nascido mulher!
Aliás, se é de uma mulher que nascemos,
não entendo qual a diferença,
entre um ser e outro não ser,
para que um ser seja mais e o outro menos!

Não prefiro ser branco, nem preto,
ou uma outra cor qualquer…
Não escolhi cor nem origem para nascer!
É-me indiferente ser índio ou cigano…
não sou o que querem que seja,
sou simplesmente um ser humano!

Se sou idoso não mereço ser esquecido!
Se sou jovem, porque não me deixam sonhar?
Nasci em terra, podia ter nascido no mar,
nasci aqui, podia ter sido noutro lugar!
Falo um idioma, podia ser um outro!
Se nasci pobre, não é razão para me humilhar!
Se o meu corpo não é “perfeito”,
alguém me diga o que é a perfeição!

Não quero ser distinto por etnia ou raça,
nem que me perguntem a religião!
Será que toda a “diferença” passa
se tiver um algum dinheiro na mão?
Gostaria de saber qual a razão
porque tenho que ser catalogado,
etiquetado, separado, diferenciado,
classificado, desqualificado, discriminado!

Sejamos quem somos e aceitemos a diferença!
Não nos respeitarmos, é a nossa pior doença!

Autor: Vítor Costeira
Imagem: Internet