PÉROLAS DO G+


Meu "Eu" MUNDO!

Meu mundo é feito de papel.
Origami bizarro e sem adereço!
Minha vida é feita de espumas.
Duas vezes ao dia,
Pelo mal da litimania.
Prostrada em banheira gigante
Ainda deslizo pela minha insígnia existência.
Mesmo que nada em mim seja sólido
acertado, confirmado.
Sou feito bolha de sabão.
Aquela que se faz com boca valente
Que não teme engolir amarga água cáustica. 
Prezando apenas o sibilar momento 
do meu eu mundo emergir do nada.
De quase nada nasço e morro.
E no ápice do meu extinguir
Ainda encontro gás para denotar minha essência.
Apresento em prisma soberbo
minhas multifaces coloridas.
Arco-íris singelo e insignificante para alguns.
Mas, que resume tudo o que sou e posso
Seja numa banheira espumante 
Ou apenas num simples copo.
A eternidade para mim consiste em, 
qualquer coisa mais duradora que a ebulição dos meus sentimentos.

 

Liz Nascimento

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EM PRINCÍPIO...


Em princípio,
aquele dia podia considerar-se
igual aos outros dias,
fosse aquele que fosse,
o prisma a ser utilizado…
continuavam existindo animais vertebrados
e, outros, invertebrados…
coexistiam mar, terra e ar
e sementes de violência a brotar
com alguns oásis de paz a suavizar…
Em tudo isto, nada de novo a registar!

Realmente,
aquele dia em nada era diferente
dos outros dias…
a meteorologia voltara a falhar,
os pássaros teimaram em voar
e as pessoas continuaram a bestificarem-se,
dentro da pequenez de simples mortais!

Em princípio,
aquele dia em nada iria ser gratificante
ao quadrante esférico do meu olhar,
não fora o nascimento de um novo Sol
na textura cutânea do meu Universo singular!
Mais importante do que o cometa Halley,
diferente de qualquer tipo de estrela,
ali estava só para mim,
a pessoa mais terna  e bela,
oferecendo-me confiante a sua mão
e modificando o sentido daquele dia
que nada nem ninguém previa
ser tão diferente de qualquer dos outros dias!...

Em princípio,
aquele dia seria igual a todos os dias,
mas tu deste-lhe um sentido,
tu deste-me vida…

Autor: Vitor.C


31/07/2015
QUANDO ACABOU, MEU MUNDO PAROU!

E, de repente, me fiz mudo.
Não tenho mais nada a dizer.
Aquela bala fulminante que atravessou minha vida,
certamente era você.
Hoje me fiz quieto, parado, calado.
Aquela sensação de que o mundo era meu,
de repente desapareceu, adormeceu...
Quem sabe...
Não sinto mais nada.
Somos apenas a solidão, o vazio e eu.
Nem faço ideia de como tudo aconteceu.
Você chegou no momento mais difícil da minha vida.
Fez do seu horizonte minha única saída.
Despertou em mim sentimentos incomuns,
estranhos até!
Sim, eu não esperava te amar desse jeito.
Me apaixonei até pelos seus defeitos!
Recriei em meus pensamentos suas manias.
Decorei seus tiques e quis realizar todas as suas fantasias.
Sempre fui sincero contigo!
Te avisei que eu sou um caso perdido.
Não sou do tipo que fica em cima do muro,
sou mais como um tiro no escuro! rsrs...
Tanto faz!
Nada disso importa mais!
Estou fugindo de mim, dos meus sentidos.
Quero ser novamente um entorpecido.
Não posso e não quero conviver com os ecos da tua voz.
Imaginar aquele futuro que nunca existiu entre nós!
Você sabe, eu sou totalmente sem conserto
e não enxergar isso antes pode ter sido seu pior defeito.
Tantas palavras perdidas ao vento!
Tanta demonstração de sentimento!
Mas, agora tudo acabou.
Nada mais restou do que poderia ter sido um grande amor!

...ANJO NEGRO...

 

PRISMA DA VIDA

Hoje,

quebrei o espelho de falso reflexo que havia dentro de mim.

Toda a minha vida sabotada por um imagem que nunca me fora fiel.

Todos os meus sonhos, doces ilusões...

Todos os meus projetos, passatempos desconexos.

Todas as minhas desventuras postas sob lentes de aumento. 

Não que algumas delas não fossem realmente minotauros no meu encalço. Sempre prontos a me devorar a alma.

No labirinto que eu mesma criei. 

Que eu mesma projetei! 

Fui tal qual flor agreste esculpida para adorno desde a minha mocidade. 

Agora vejo chegar o tempo e não obstante o momento, 

Em que finalmente deixarei de ser flor de liz e tornar-me-ei raiz.

Eis que nada se faz novo.

Deveras ser este apenas o grande e imperioso ciclo da vida.

 

Liz (agosto de 2015)


 

Lacks the soul... / Falta a alma...
(Poetry by me /Vitor Manuel N. Costeira)
"Desenhaste em mim
sorrisos que eu não sei sorrir;
decoraste a minha boca
com as palavras que querias ouvir;
guarneceste o meu corpo com asas,
como se eu fosse um anjo
e, nos teus olhos, eu voei;
depois, deste-me um infinito de cor
e, na tua alma, eu corei
e, deste modo, eu continuei
sendo o que nunca fui nem serei!
Falta a alma que esqueceste de dar…
Falta aquele eu
que, mesmo não sendo meu,
existiria em ti,
existiria na tua fantasia,
sendo parte da tua obra,
aquela parte que não vivi
para além daquilo que desejaste,
mas… existiria.
Desenhaste em mim
todo aquele que eu não sou
e, no fim,
quando me quiseste encontrar
eu não estava no lugar
onde me tinhas deixado ficar,
eu não era aquele que concebeste,
eu não existia em ti
porque, simplesmente, eu não existia
nem em mim eu me reconhecia,
para além da fantasia,
crendo ser quem não sou…
Falta a alma!
A alma que esqueceste de me dar
e a que ficou em mim sem saber amar!"

 


 POSSO?


Eu posso me sentar ao seu lado
para respirar poesia?
Não estou por inteira,
mas, mesmo assim...
estando...
... com o pouco de mim,
sem utopia...
me permitiria sentir o aroma de sua companhia?...
Satisfaria a minha sede nesse fim de dia?
Me rendo ao sabor da sua poesia!
Eu posso?
Posso me sentar ao seu lado
como quem, distraidamente,
sem rumo certo,
ainda respira, suspirando,
aquele que ficou no deserto?
De repente, tudo ficou tão distante...
Posso?
Apenas por um instante?

AROMA DE ORVALHO


CONFISSÕES SECRETAS DE UM HOMEM

 

Um Homem não chora?

Não têm segredo?

"Não foge!!!"  ( mais vai embora)..

Não quer demonstrar,   (porque têm medo?).

 

Uma caixa forte, o pensar do homem...

E muito mais muito secreto...

Este ser disforme.!

Quê se oferece a tudo, de braços abertos!


Eu sou desses!    (que não chora?)

Pode me ter ai,( é mesmo assim), vou-me embora...

Detesto o quê chamam de (segredo)

Resumindo, desconfio que a minha maior força (seja o medo)...

Tenho trancado dentro do peito, meus desejos e sortes!

Pelos quais eu componho, sempre estive certo!

Prefiro vive-los assim (antes que viver de morte).

Desejo, muito e pra tudo, meus braços seguem abertos!


Me vejo leão...

Me vejo presa...

Lobo e solidão...

A almejar sutilezas...

Meu instinto de caçador...

Me satisfazendo...


Sou a presa mais fácil, quê jaz pôr amor...

De tanto orgulho, reclamo o pouco amor, (que vou merecedor)

Detesto a solidão, ate mesmo quando estamos juntinhos...

Não me negues, de tuas mãos, os teus carinhos...

Já fui o leão rugindo na selva...

Agora, pôr esta paixão, espero orvalho, cobrir esta relva!

Tenho confissões, pôr esta mulher...

Segredos a espera dela!

Pois este abstrato, esta carente, e sabes o que ele quer!

Meus segredos, estão exposto a tua espera!


Autor: lorisvaldolopes.blogspot.com.br


Uma alma de poeta ama diferente.
Um poeta quando ama sente.

Sente quando o outro sofre,
Sente quando o outro suspira,
Sente quando o outro ama outro,
Sente quando ao outro perde.

Um poeta sente por onde anda, sintoniza seu pensamento ao outro,
Um poeta perde muitos amores para ter a chance de se encontrar com seu amor de alma.

Um poeta se perde no caminho, mas é apenas para mudar o destino;
Um poeta volta ao passado para mudar o futuro;
Um poeta vive de poesia, mas altera as leis da física.

Um poeta se joga no mundo, sai de si e viaja pelo pensamento do outro tentando entender porque os caminhos diferentes demoram tanto a acontecer.

Um poeta dança em meio ao palco da vida, se lança no mar azul, pega ondas no oceano, faz borboletas virarem fadas e uma simples flor do campo florescer.

Um poeta não usa tecnologia fala por poesia, a ligação é feita na alma, não há fios nem linhas,
Um poeta vê com os olhos, enxerga com o coração e marca um encontro com a emoção.
A conexão é feita na mente, se expressa na letra e transborda na gente.

Um poeta ouve a música, sente os acordes, o coração dispara e as coisas fazem sentido...


Lucí Serena Simples Assim



 
A ALMA QUE FICOU CONTIGO
No estonteante emaranhado
das doces palavras,
cruzadas no labirinto de um sentimento ousado
que nunca soubemos saborear,
entregaste-me o teu voluptuoso corpo
com suaves mistérios perfumado
para que eu me distraísse a o desvendar,
enquanto tu, serena e calma,
me esvaziavas o Ser
levando contigo a minha alma…

E na caligrafia das curvilíneas formas,
com os meus olhos vendados,
eu lia inexistentes poemas,
inebriava-me com os vazios esquemas rimáticos
e prendia-me a esses versos livres,
soltos, sem grilhetas nem amarras,
e declamava encantado uma poesia
que apenas eu sabia ler sem existir,
enquanto tu, divertida e infantil,
brincavas com os farrapos que ainda me restavam…

Sem dicionário nem um código certo,
eu abraçava-te como se me salvasse
tentando ser oásis do meu próprio deserto,
até que um dia o jogo te cansasse
e a alma a mim voltasse…

… e voltou, assim que, de novo, te fizeste ao mar
em busca de outro marinheiro para encantar
e eu ali fiquei, vendo-te aproar às vagas que te esperavam
em silêncio, no meu porto de abrigo,
marejando o olhar e sentindo a alma fugir contigo!

Autor: Vitor. C


O VULCÃO QUE HÁ EM MIM...
Amanheci assim,
Ardente em chamas
Pronta para te enlouquecer!
E ...nada de preliminares,
Meu calor vai te aquecer.
Arrancar do teu íntimo
A risada mais gostosa
E num ritmo escandaloso
Me entregará o seu ser.

Rendido às minhas provocações...
Cederá ao meu universo de prazer
Em meio a todas as tentações
Embriagado pelo soar das mais
estonteantes sensações...
Passearei pelo seu corpo
Como um barco a navegar
E a cada onda que subir
Gritos de felicidade irá soltar!
Arrepios torturantes lhe farão suspirar...
Faremos o nosso amor
Chegar ao alto dos céus
Acordando todos os anjos
Que lá estarão para nos contemplar
Fazendo aquele amor bandido
Proibido, mas muito sentido
e desejado...Ressuscitar!

No meu desejo
A inspiração do seu beijo
Molhado e ardido
Inflama a certeza
Da liberdade de amar sem fronteiras.
Quero ouvir o seu sussurrar
De amor e malícia... a vida inteira!
Nesse nosso espaço do sentir
Que até causa calafrios,
Estaremos sempre a ponto de bala...
Embalados por tudo que
Outrora foi só nosso
E do qual não esquecemos jamais!

Um trovão, um relâmpago ... ou talvez um vulcão!
Somos assim... às vezes temperamentais
Mas apaixonados um pelo outro
Como chocolate e pimenta...
Fogo e faísca
Mel e polenta...
Tudo a gente mistura... e até inventa
E no irresistível sabor,
Desse grande amor,
A nossa vida de sensações se alimenta.

Do mundo somos vítimas
Sedentas de prazer e encantamento
Juntos, nesse comboio,
Nos encontramos a todo momento
Aqui.. ali e...
até mesmo no pensamento.
E não adianta querer fugir
Porque o nosso amor explode
Arde... impossível resistir!

... Já chegamos na parte em que
Mordo docemente
O seu pulsar de vibrações
Que se alegra no suingue
Do meu olhar?
Então...
Agora me transformo em vento
Para os seus lábios beijar
E em ninja,
para em sua essência mergulhar.
Prepare-se porque
num estonteante abraço de Sol
irei te aquecer... te amar
Mesmo no infinito daquilo
que agora estou a fazer...
Apenas Sonhar!

AROMA DE ORVALHO




 

 

LUAR!!! 

Porquê se exibes no céu?

Diante do meu olhar,

esconde as estrelas,

ofuscas em teu brilhar!

Sou eu porventura o teu mar?

Ou me visto de lobo, para me esconder?

Diante da terra, posso passar,

mas, não diante de você!

Porquê me enches as vistas,

e o que me sobra, é em ti pensar!

Como esquecer-te? Sem nem sequer insisto?

Percorro em tua luz, é meus dias são de luar...

Aquela mulher, que rasga o universo,

para vir ao meu encontro!!!

Ouvir meu recitar de versos,

teu olhar me é, por confronto!

Porque me arrepias o coração,

diante de teus olhos!

Me mostra todas as cores, deste meu chão,

e me lanças, aos montes para que possas uivar...

Lua, tu já te escolhestes para mim,

e me acompanha e também me toca!

Não sou mar, talvez seja teu jardim,

sopras sobre ele o teu hálito e o provoca!

Lua, que se mostra a este apaixonado,

que tem tanto amor, para conhece-la nua!

E poder para traze-la ao meu lado!

O poeta passa mas, a poesia continua...

Assim será o amor de Luar,

escancarado no céu! 

O pequeno gigante com sonhos de mar,

(amor) este que liberta, seremos eternamente,

os seus réus! 

  Luar!!!

 

Lorisvaldo Lopes

 


MANIFESTO
Não peço desculpa por estar aqui!
Nem, tão-pouco, peço desculpa, seja pelo que for!!!
Eu sei que podia ter passado delicadamente
e, antes de me sentar, ter oferecido o lugar a alguém...
podia, até, ter sorrido,
mesmo que fosse um sorriso de ocasião,
mas não!
Não me sinto obrigado a ser delicado
para quem quer que seja que passe ou se sente a meu lado
e o meu sorriso não é brinde publicitário
de material em decadência qualitativa,
nem eu sou candidato a promotor de sorrisos,
alheios à vontade própria de cada um!
É inútil ficarem à espera de qualquer coisa de mim!!
Não passeio pela vida com o curso de filantropia na mão,
como um aluno primário passeia com a nota de aprovação,
nem, tão-pouco, sou milionário de ideias conciliadoras,
para olhar aos que me rodeiam, arrependido e submisso!
Abaixo o servilismo, como máscara ou condição!!!
Mesmo que recuem temerosos,
mesmo que reúnam o Sínodo e me excomunguem
ou me repatriem da vossa cómoda sociedade,
sociedade entre o burlesco sujo e o grotesco declarado,
não vão, nunca, evitar que eu esteja,
(porque quero estar!)
sem que tenha de, constantemente,
quase, que pedir desculpas por estar presente!
Não! Isso nunca vocês terão de mim!!
Nunca!!!
Porque não sou gato-pingado a lamber o dinheiro das viúvas,
nem ofereço nos jornais os meus serviços a nababos
e não pretendo enganar alguém com gestos suaves e estudados
de gerente de hotel, aprendiz de ilusionista!
Como veem, sou difícil de vergar
e não me rendo a regras conformistas,
mesmo que, para tal, tenha que ser severo e marcial,
incorrupto, rude, bruto e violento!
Não, não peço desculpa por estar aqui,
porque nem eu pedi passaporte ou visto para chegar
nem eu já  quero, agora, partir!!!

Autor: Poemas Malditos (Vítor Costeira)
Imagem: Tomasz Alen Kopera


 
Só por existir eu já faço muito pelo mundo...

Não preciso provar e nem explicar nada a seu ninguém...
Se não conto na conta dos bons, bem, como diz o ditado; se não pode vencê-los, junte-se a eles...
Não sei que prazer doente certas pessoas sentem na mentira.

A verdade é tão... saco viu... a verdade e nada mais que a verdade é um saco. Fiquei perito em mudar verdades de lugar. Eu não minto. Eu omito. Duas letras e tudo muda de sentido.
Não entendo também a necessidade de sumir quando vc não quer ou não consegue mais manter uma relação, seja ela da natureza que for. É tão mais simples você afugentar todo mundo como eu venho fazendo nos últimos meses. Sem tempo. Dois livros por concluir. 500 páginas cada um. 
MIL E UMA NOITES E ELA DIZENDO NÃO KKKKK...

Esse livro tá acabando comigo. 

O outro livro que eu sei, ninguém quer ler.
Minha biografia: A GOTA E EU
TUDO BEM! KKK
O anonimato me cai bem. 
Já sou feliz por um único amigo que se interessou pela introdução de 1117 caracteres. 
Sim. Eu trabalho com números. Sou obcecado por horários, prazos. A matemática é meu mundo de carbono e concreto. 


...E, ASSIM SORRINDO, ADORMECIAS...

Madrugavas antes de anoiteceres
e fazias do vão de escada
de qualquer prédio abandonado
o palco do teu passo treinado,
libertando-te como se fosses um rio
desaguando numa foz por acontecer
nos braços que a noite tinha para oferecer…

E, na noite, recebias cada corpo quente
como uma dádiva feita para se receber
e entregavas muito ternamente
tudo aquilo que te tinha feito mulher,
numa permuta sem razão aparente
que nada tinha de ilusão inocente…

No fim de cada madrugada anoitecias,
confundindo as noites com os dias,
e recolhias-te na alma que era apenas tua,
dentro de ti mesma, longe da rua,
cabelos e sentimentos, de novo, desgrenhados,
como sinais de pesadelos jamais imaginados…

E aconchegavas o corpo com a fantasia,
cerravas as pálpebras enquanto te benzias,
e, de prazer ou de frio, o teu corpo tremia
mas, de vez em quando, sonhavas e sorrias
e acreditavas que um dia não são dias
e que, um dia, outra mulher serias!

E assim, sorrindo, tu adormecias…

Autor: Vítor Costeira


A ESSÊNCIA QUE HÁ ENTRE NÓS...

 

Hoje, esquecida num canto qualquer, aguardo por tua lembrança. 
Caída... desprovida dos cordéis, recordo as rimas e o brilho da esperança de infinitos instantes...
Ainda hoje... faço companhia a tantas outras, que como eu, foram largamente amontoadas numa sucessão de suspiros exaltados... 
Sem reação, apercebo minha aparência, que já não é mais a mesma... São tantas as razões! Nesse formato de mim, entregue aos amassos repentinos, acolhi num abraço cada palavras por ti abandonada... descartada. Delas, não ouvi murmúrio algum, nem gritos, mas foi tenso o lamento do silêncio... até mesmo do teu.
Acerca de um tempo, estive aos arredores de um espaço que foi ficando pequeno... outrora cercada por fragmentos de sonhos...
Antes, porém... para o além daquilo que poderia ver, me encontraram aflorada, convertida na minha real natureza, gerada pelo âmago da criação... Fui encanto naquele canto e não nesse que hoje me encontro. 
Docemente respirei no campo de outono me fazendo grande na aspiração junto ao carvalho que me envolvia, saboreando o aroma das flores silvestres... das folhas que o vento mexia... do néctar que transbordava em viva euforia nas circunstâncias entregues às alegrias do dia... 
O tempo passou e deixei minhas origens... deixei de ser carvalho. Um novo rumo tomei para me encontrar com o teu agrado e na segurança de tuas mãos me tornei mensageira de sentidos... enaltecendo sonhos, sons apetecidos, que hoje, porém, comigo estão contidos... ruídos perdidos deixados ao relento de um canto que, de tempo em tempo, o vento balança!
Me fiz teu desejo escrito... Li teu pensamento secreto traduzido em aquecidas palavras que me seduziram... Palavras que hoje abraço junto ao meu horizonte... num canto que talvez não te desperte e nem encante.
Numa vaga lembrança, olhou-me com carinho e saudade... tendo sido, naquele instante, sedutora recordação das serenas noites de outrora. 
Mas, também, fui compassiva com a frieza do teu olhar nos lamentos em vão... 
Fui margem que carregou seu coração em momentos de solidão. 
Vi a ternura da tua alma invadindo as lacunas de um caminhar sem direção.
Fui a tua distração diante da lareira... Me deixei rasgar por tua vogas vontade e vi pedacinhos de mim, queimando amargamente, diante de numa fogueira.
Fui a tua companhia estando diante do teu olhar e oferecendo o meu espaço para teus embaraçados gorjear de inspiração, sentindo o toque dos teus dedos no deslizar da tua mão.
Estive ao teu lado e ainda poderia estar se quisesse me desprender desse canto, num agora qualquer... 
Um pedaço de mim ainda existe e se faz presente... 
Tão somente, como uma tira de papel, ofereço-me aos teus encantos como um página em branco... Com alegria, acolheria o teu traçado sutil, deixando-me envolver por tua caligrafia e, assim, revelaria teus desejos de bem querer. 
Depois, mesmo que ocultada ou esquecida num canto qualquer, pelo simples fato de ser uma... folha de papel, me desmancharia com o tempo unida aos doces desejos por ti escritos num relance de inspiração, solidão ou risos... De fato, seria enaltecida pelo frio do inverno ou pelo calor do verão que, na tua doce recordação, não me encontraria ferida... afinal, folhas são apenas ... folhas e, um dia, se vão. Contudo, o perfume e a essência dos dizeres ausentes que te despertaram, esses sim permanecerão para o caminhar contínuo junto a aurora de uma outra estação. 

AROMA DE ORVALHO